Os descendentes britânicos de um ex-dono de escravos na Guiana pediram perdão, nesta sexta-feira (25), em Georgetown, pelos atos de seu antepassado, mas receberam como resposta a rejeição de um grupo de ativistas.
"A escravidão foi um crime contra a humanidade e suas consequências terríveis continuam sendo sentidas hoje em todo o mundo", disse Charles Gladstone, tataraneto de John Gladstone, proprietário de africanos escravizados em Demerara, antiga colônia onde fica atualmente Georgetown.
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Cartazes anunciando venda de escrava causam surpresa nas ruas de Ouro Preto'Simulador de escravidão': jogo 'ensinava' a comprar e punir escravos O pintor negro que foi escravizado por artista renomado e agora ganha exposição em NYOs demais membros da família Gladstone presentes também se desculparam pelas "claras e múltiplas injustiças" desses atos e pediram ao Reino Unido para iniciar conversas com a Comunidade do Caribe (Caricom) para acordar compensações e "para que as duas partes possam caminhar juntas para um futuro melhor".
O ex-proprietário de escravos foi pai do primeiro premiê britânico do século XIX, William Gladstone (1809-1898).
Depois do discurso, um grupo de manifestantes, descendentes de escravizados africanos, exibiu cartazes, rejeitando o pedido de desculpas. "Não é aceito!", gritou um deles. "A tua culpa é real, Charlie. Os Gladstone são assassinos", dizia um dos cartazes. "Queridos herdeiros de Gladstone, é isso que os nossos antepassados valem para vocês? Que vergonha!", dizia outro.
"Nenhum pedido de desculpas pode ser suficiente, mas é um passo para o reconhecimento de que foi cometido um crime", disse à AFP a ativista afro-guianense Nicole Cole, que estava entre os manifestantes.
Charles Gladstone e seus familiares prometeram apoiar o trabalho do novo departamento acadêmico da universidade e anunciaram a criação de um fundo para financiar vários projetos na Guiana. "Nosso objetivo é criar relações significativas e duradouras entre a nossa família e o povo da Guiana", disse.
"Também instamos outros descendentes daqueles que se beneficiaram da escravidão a abrir um diálogo sobre os crimes cometidos por seus antepassados e o que poderiam fazer para construir um futuro melhor", acrescentou Charles Gladstone.