"Decidi entrar na corrida presidencial de 2024", disse Gou em uma entrevista coletiva. O empresário fez fortuna ao transformar a Foxconn em uma das maiores empresas terceirizadas do mundo para a produção de aparelhos eletrônicos, incluindo os iPhones da Apple.
A eleição presidencial acontecerá em janeiro na ilha autogovernada, que a China considera parte de seu território e que não descarta recuperar inclusive pela força, se considerar necessário.
As ambições de Gou de governar a ilha são antigas. Ele buscou este ano a candidatura pelo principal partido de oposição, o Kuomingtan (KMT).
Mas o partido optou por Hou Yu-ih, ex-chefe de polícia e atual prefeito Nova Taipé, embora ele não apresente bons números nas pesquisas.
Os analistas consideram uma vitória de Gou algo improvável, em uma disputa na qual três candidatos da oposição enfrentarão o aspirante do Partido Democrático Progressista (DPP, na sigla em inglês), o atual vice-presidente Lai Ching-te, que lidera as pesquisas.
Gou, 72 anos, precisa de 290.000 assinaturas para registrar a candidatura independente. Nos últimos meses, ele organizou vários comícios na ilha e se apresentou como o candidato que promoverá a paz entre China e Taiwan.
"Peço ao povo de Taiwan que me dê quatro anos. Prometo trazer a paz ao Estreito de Taiwan para os próximos 50 anos e estabelecer bases mais profundas para a confiança mútua entre as duas partes", declarou na entrevista coletiva.
- Vínculos com a China? -
A China intensificou a pressão diplomática e militar contra a ilha desde que a presidente Tsai Ing-wen, do DPP, chegou ao poder em 2016.
"O Partido Democrático Progressista está no poder há mais de sete anos e trouxe o perigo de uma guerra para Taiwan", criticou o bilionário.
"Nunca permitirei que Taiwan vire a próxima Ucrânia", acrescentou, em referência à invasão russa da ex-república soviética em fevereiro de 2022.
Depois do DPP de Lai, o segundo colocado nas pesquisas é Ko Wen-je, do pequeno Partido Popular de Taiwan (TPP), seguido por Hou Yu-ih, do KMT.
"Em um cenário de quatro vias, seria improvável uma vitória de algum candidato de oposição", afirmou Sung Wen-ti, professor do programa de estudos sobre Taiwan da Universidade Nacional da Austrália.
A entrada de Gou na disputa, no entanto, "pode criar um novo senso de urgência para que a oposição trabalhe em conjunto", acrescentou.
Na entrevista coletiva desta segunda-feira, o bilionário destacou que a oposição deveria "integrar e encontrar candidatos que correspondam às expectativas da população".
A Foxconn construiu grandes fábricas na China e os críticos acusam a empresa de manter boas relações com Pequim.
Ao ser questionado sobre os vínculos com o governo chinês, Gou respondeu que não está na direção da empresa há quatro anos.
O empresário renunciou à presidência da empresa em 2019. "Eu nunca estive sob o controle (do Partido Comunista Chinês)... não serei ameaçado", disse.