O conflito entre o Exército etíope, apoiado pelas Forças Armadas da Eritreia, e os rebeldes do Tigré foi caracterizado por atrocidades cometidas por ambos os lados.
"As forças de defesa eritreias (EDF) cometeram crimes de guerra e, talvez, crimes contra a humanidade, logo antes e depois da assinatura", em 2 de novembro de 2022, do acordo que pôs fim ao conflito no Tigré, apontou a organização internacional em um relatório que será publicado nesta terça-feira (5).
A Anistia Internacional elaborou o estudo a partir de 49 entrevistas por telefone com sobreviventes, parentes das vítimas e outras testemunhas no norte da Etiópia e sul da Eritreia.
Nos arredores da cidade de Kokob Tsibah, a cerca de 20 km da fronteira com a Etiópia, soldados eritreus "mantiveram 15 mulheres reféns por quase três meses em seu acampamento", denunciou a ONG. De 1º de novembro de 2022 a 19 de janeiro de 2023, os soldados "estupraram repetidamente essas mulheres e as submeteram a condições comparáveis à de escravidão sexual. Elas sofreram violência física e psicológica, e foram privadas de água, comida e cuidados médicos".
Segundo a AI, as forças eritreias executaram mais de 40 civis nas localidades de Kobob Tsibah e Mariam Shewito, a 100 km da fronteira com a Etiópia.
A Eritreia é governada com mão de ferro por Issaias Afeworki desde que se tornou independente da Etiópia, em 1991. Órgãos internacionais a consideram um dos países mais repressivos do mundo.
ADIS ABEBA