A mais abrangente avaliação já feita sobre o andamento do combate à crise climática aponta que, apesar de avanços ao redor do mundo desde a assinatura do Acordo de Paris, muito mais é necessário. O mundo não caminha para limitar o aquecimento planetário ao preferível 1,5°C ou a 2°C. Levando em conta os anúncios na última conferência climática, a indicação é que a humanidade caminha para entre 2,4°C e 2,6°C.
A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) publicou, nesta sexta-feira (8/9), o primeiro Global Stocktake, algo como um inventário global das ações contra a crise climática.
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O documento aponta que a janela para aumentar ambição climática e implementar os compromissos atuais para limitar o aquecimento global a 1,5°C está está se estreitando.
"A ambição de mitigação das NDCs não é coletivamente suficiente para alcançar a meta de temperatura do Acordo de Paris", diz o relatório.
NDC é a abreviação para "nationally determined contribution", ou contribuição nacionalmente determinada. Em resumo, são os compromissos climáticos, as metas de redução de emissões que os próprios países determinaram para si.
A avaliação destaca que, para alcançar uma redução de emissões de gases-estufa de 43% até 2030, 60% até 2035 (em comparação a 2019) para finalmente chegar ao chamado "net zero" global em 2050, "muito mais ambição em ação e suporte para implementação de medidas domésticas é necessária", além de metas mais ambiciosas.
A partir da análise dos atuais compromissos climáticos —as NDCs—, o documento aponta que, para o planeta ficar alinhado com a meta de limitar o aquecimento a até 1,5°C, existe uma lacuna de emissões —ou seja, ainda precisam ser cortadas— de 20.3 a 23.9 gigatoneladas de CO2 equivalente (o CO2 equivalente significa, em linhas gerais, uma forma de medir, sob um único parâmetro, todos os diferentes gases que causam o aquecimento do planeta).
Vale lembrar que, quando falamos de aquecimento de 1,5°C até 2°C, a base de comparação é a temperatura do período pré-industrial (tratado como o período 1850-1900). O documento aponta que o planeta já aqueceu 1,1°C, com inquestionável participação humana em considerável parte desse aquecimento.
A avaliação aponta a necessidade de escalar o uso de energia renovável e eliminar todos os combustíveis fósseis, o que são elementos indispensáveis para uma transição energética justa em direção à neutralidade climática.
Também é citada a necessidade de parar o desmatamento e a degradação de florestas, algo importante para reduzir emissões, além de conservar locais que, teoricamente, são sumidouros de carbono.