A abertura do evento ao público está marcada para sábado (16), após a exibição reservada à imprensa e aos profissionais do setor.
Entretanto, este ano, a feira - que é uma plataforma para os produtos das "três grandes" de Detroit: General Motors, Ford e Stellantis - ocorre em meio ao um contexto complexo.
As três empresas negociam há meses com o sindicato United Auto Workers (UAW, na sigla em inglês) e seu novo presidente, Shawn Fain, novos acordos coletivos com uma data limite até a próxima quinta-feira (14).
"As negociações sindicais estão na mente de todos", disse Alan Amici, presidente do Centro de Pesquisa Automotiva, uma ONG dos EUA. Empresas e trabalhadores trocaram propostas e contrapropostas, com Fain manifestando publicamente a sua insatisfação.
"Se chegarmos às 23h55 de quinta-feira sem um acordo com nenhuma das três fabricantes, haverá greve nas três empresas se necessário", enfatizou o dirigente na última sexta-feira.
Fain entende que os funcionários merecem o mesmo aumento salarial de 40% dado aos gestores das fabricantes. Mas as propostas das companhias automotivas estão muito longe desta possibilidade.
O sindicato representa cerca de 150 mil funcionários dos três grupos, dos quais 97% já se mostrou de acordo com uma possível greve.
A edição de 2022 do Salão do Automóvel de Detroit não teve a presença de grandes fabricantes estrangeiras como a Toyota e a Volkswagen, habituadas ao tradicional período de janeiro, que mudou no ano passado, para permitir uma maior afluência de público.
- Data limite -
Este ano, um dos eventos mais esperados é a apresentação na noite de terça-feira da nova versão da picape Ford F150, o automóvel mais vendido dos Estados Unidos. No dia seguinte, a GM e a Stellantis (Fiat, Chrysler) também planejaram apresentar seus veículos à imprensa.
Espera-se que o sindicato esteja presente nas proximidades do evento à medida que a data limite se aproxima.
A Ford foi a primeira fabricante a fazer uma proposta ao UAW, para um reajuste de 9% durante os quatro anos do acordo coletivo, além de um bônus único de 6%.
Para Fain, este aumento foi considerado "um insulto ao valor" dos funcionários. O sindicato também rejeitou a "proposta insultuosa" da GM.
Já a Stellantis apresentou sua proposta na sexta-feira: um aumento de 14,5% nos salários, além de um bônus único de US$ 6.000 (cerca de R$ 30 mil, na cotação atual) no primeiro ano do acordo, incluindo também mais US$ 4.500 (R$ 22,5 mil) nos três anos seguintes.
"É um avanço", pois "colocamos pressão sobre isso", destacou o diretor, que, no entanto, ainda considera os números "profundamente inadequados", já que "não compensam a inflação", "as décadas de queda salarial" e "não refletem os benefícios importantíssimos que geramos para esta empresa", completou.
Muitos analistas preveem que a greve acontecerá, inicialmente, em uma única empresa, como aconteceu em 2019, na GM, durante seis semanas.
Caso a mobilização aconteça, pode gerar impacto direto nos fornecedores, que poderiam fazer cortes de funcionários.
Stellantis