"Salvador Allende é uma figura mítica na história da luta pela emancipação. Acho que merece respeito e reconhecimento porque seu nome é inseparável da luta pela justiça social", disse Borrell perante o Parlamento Europeu.
O diplomata lembrou, emocionado, que em 2003 participou das cerimônias de reabertura de uma porta lateral do palácio presidencial chileno, na rua Morandé, por onde havia sido retirado o corpo de Allende. Essa mesma porta havia sido coberta por ordem do governo Pinochet.
"Devemos reconhecer que a jornada do Chile, depois de ter recuperado a democracia, demonstrou as feridas profundas que a experiência da ditadura deixou nessa sociedade", afirmou.
Em sua breve declaração na sessão plenária do Parlamento Europeu, Borrell insistiu em que Allende "não foi morto, ele se suicidou. Digamos as coisas como elas são, mas todo o mundo sabe o significado das palavras e dos acontecimentos".
Em Santiago, o presidente Gabriel Boric liderou uma cerimônia no palácio La Moneda pelo 50º aniversário do golpe militar. No ato, Boric discursou diante de familiares das vítimas da ditadura de Pinochet, na presença dos presidentes Luis Arce (Bolívia), Andrés Manuel López Obrador (México), Gustavo Petro (Colômbia) e Luis Lacalle Pou (Uruguai).
Pinochet derrubou Allende em 11 de setembro de 1973 e chefiou uma junta de governo que iniciou 17 anos de ditadura. Foram mais 3.200 vítimas, entre mortos e desaparecidos.
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