"Avaliamos que o filme 'No me llame Ternera' primeiro tem que ser visto e depois submetido à crítica, e não o contrário", explicou, em um comunicado, José Luis Rebordinos, diretor da competição, cuja 71ª edição ocorre na cidade basca de mesmo nome entre 22 e 30 de setembro.
"A obra de não ficção que estamos discutindo agora não justifica, nem suaviza o ETA porque este Festival não projetaria um filme com essas premissas", acrescentou Rebordinos.
"No me llame Ternera" é um documentário codirigido por Jordi Évole e Màrius Sánchez, que traz uma entrevista exclusiva com José Antonio Urrutikoetxea, conhecido pelo codinome Josu Ternera, dirigente da extinta organização independentista armada ETA, responsável por mais de 850 mortes.
José Antonio Urrutikoetxea, de 72 anos, foi o dirigente que leu o comunicado anunciando a dissolução do ETA em maio de 2018. Ele dirigiu a organização desde o final dos anos 1970 até ser preso em 1989 na França.
A Justiça espanhola pede sua extradição devido ao atentado contra uma residência-quartel da Guarda Civil, em 1987, em Zaragoza, no qual morreram 11 pessoas, entre elas cinco crianças.
O documentário motivou uma carta de protesto assinada por mais de 500 pessoas, entre elas familiares de vítimas do ETA, que acusaram o documentário de fazer "parte do processo de branqueamento do ETA e da trágica história terrorista em nosso país, transformada em um relato justificatório e banalizante".