Jornal Estado de Minas

TAIPÉ

Taiwan detecta mais de 100 aviões de guerra chineses ao redor da ilha

Taiwan fez um apelo nesta segunda-feira (18) para que a China interrompa imediatamente as "ações unilaterais destrutivas", depois que Taipé detectou a presença de mais de 100 aviões e nove embarcações de guerra de Pequim nos arredores da ilha autônoma, um recorde nos últimos meses.



"Entre as manhãs de 17 e 18 de setembro, o Ministério da Defesa Nacional detectou um total de 103 aeronaves chinesas, um recorde recentemente e que representa graves desafios à segurança do Estreito de Taiwan", afirmou a pasta em um comunicado.

"O assédio militar contínuo pode levar facilmente a um aumento repentino da tensão e piorar a segurança regional", acrescentou o ministério, que exige na nota que Pequim "interrompa imediatamente tais ações unilaterais destrutivas".

A China considera a ilha com governo autônomo uma província do país, que aguarda a reunificação com o restante de seu território. Nos últimos anos, Pequim aumentou a pressão diplomática e militar contra Taiwan.

De todas as aeronaves detectadas entre domingo e segunda-feira, 40 cruzaram a linha média do Estreito de Taiwan que separa a ilha da China continental e entraram nas partes sudeste e sudoeste da sua zona de identificação de defesa aérea, informa o comunicado do ministério.

As autoridades taiwanesas também identificaram a presença de nove navios da Marinha chinesa.

No domingo, Taipé anunciou a detecção de 28 aviões de guerra chineses perto da ilha, incluindo 20 que atravessaram a linha média do estreito.

O ministério chinês das Relações Exteriores não fez comentários específicos sobre a situação, mas a porta-voz da pasta, Mao Ning, reafirmou a posição de Pequim de que Taiwan é parte da China.



"O que gostaria de afirmar é que Taiwan é parte do território chinês e que a chamada linha média não existe", declarou.

- Aumento das incursões -

Na semana passada, Taipé denunciou o aumento do número de incursões de aviões navios militares chineses.

O aumento aconteceu depois de Pequim anunciar que suas tropas estavam em "alerta máximo" devido à passagem, no início do mês pelo Estreito de Taiwan, de dois navios pertencentes aos Estados Unidos e Canadá.

O Ministério da Defesa afirmou que 68 aeronaves e 10 embarcações foram detectadas ao redor da ilha entre quarta-feira e quinta-feira.

Alguns aviões e navios de guerra seguiam para uma zona não especificada do Pacífico ocidental para "treinamentos conjuntos marítimos e aéreos" com o porta-aviões chinês "Shandong", segundo a pasta.

O "Shandong" é um dos dois porta-aviões operacionais da frota chinesa. Na semana passada, o navio estava quase 60 milhas náuticas (110 km) ao sudeste de Taiwan, em direção ao Pacífico ocidental, afirmaram as autoridades de Taipé.



O Ministério da Defesa do Japão informou na semana passada que detectou seis navios chineses a 650 quilômetros da ilha de Miyakojima, ao leste de Taiwan.

Também registrou a presença de helicópteros e aviões que decolavam e pousavam no porta-aviões.

A China não fez comentários oficiais sobre os exercícios militares no Pacífico ocidental.

Alguns analisas consideram que a China pode estar exibindo força para contra-atacar a influência dos Estados Unidos na região Ásia-Pacífico, onde vários exercícios militares foram organizados recentemente.

Nos últimos meses, as Forças Armadas dos Estados Unidos realizaram manobras com a Coreia do Sul no Mar Amarelo, outras com Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Japão e Coreia do Sul no Mar da China Oriental, assim como com 19 nações na Indonésia.

"Politicamente, a China quer contra-atacar a capacidade militar dos aliados democráticos liderados pelos Estados Unidos", declarou à AFP Su Tzu-yun, analista do Instituto Nacional de Defesa Nacional e Pesquisa de Segurança de Taiwan.

Em abril, Pequim organizou três dias de exercícios militares que simularam o cerco da ilha em resposta a um encontro da presidente taiwanesa Tsai Ing-wen com o presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, Kevin McCarthy, na Califórnia.

Na ocasião, a ilha detectou 71 aeronaves chinesas em um período de 24 horas, igualando o recorde anterior para apenas um dia registrado em dezembro de 2022.