Filho e sucessor do Presidente Heydar Aliyev - ex-oficial da KGB e líder comunista que governou o país do Cáucaso quase ininterruptamente de 1969 a 2003 -, o líder azerbaijano está perto de recuperar o enclave, que está há mais de 30 anos de seu controle.
Uma primeira guerra perdida na década de 1990 e uma segunda vencida em 2020 não garantiram ao Azerbaijão a retomada deste território, povoado majoritariamente por armênios.
No entanto, uma ofensiva relâmpago de 24 horas, entre terça (19) e quarta-feira (20), conseguiu dobrar os separatistas, que negociarão a partir de quinta-feira (21) a reintegração ao Azerbaijão.
Isso significa uma consagração para este homem de 61 anos, que está no poder há 20 anos e que já utilizou os lucros do petróleo para fortalecer o seu exército, construir uma aliança com a Turquia, instalar um regime que não tolera qualquer oposição e, segundo seus oponentes, enriquecer seu clã.
O líder azerbaijano se esforçou para manter relações cordiais com a Rússia e o Ocidente. Mas foi com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que lhe vendeu armas e deu todo o apoio político para derrotar a Armênia - país aliado dos separatistas e inimigo histórico de Ancara e do Azerbaijão.
Aliyev é fluente em inglês, francês e russo. Ele se formou no prestigiado Instituto de Relações Internacionais de Moscou e chegou a dar aulas na instituição.
- Dinastia -
Acusado de corrupção, nepotismo e ambições dinásticas, o rumor é que este pai de duas meninas e um menino vê seu filho Heydar como um potencial sucessor.
O presidente nomeou sua esposa Mehriba Aliyeva, oftalmologista da poderosa família Pashayev, como a primeira vice-presidente.
O domínio da família Aliyev sobre o Azerbaijão vem muito antes da queda da URSS, em 1991, e da independência do país.
A ascenção de Heydar Aliyev aconteceu durante a hierarquia da KGB, quando se tornou líder local antes de se tornar líder do Partido Comunista do Azerbaijão, de 1969 a 1982. Ingressou, então, no Politburo - comitê executivo da URSS.
Ele fez manobras para recuperar as rédeas do país em 1991, dois anos após sua independência.
Quando Heydar Aliyev morreu, em 2003, muitos especialistas consideraram que o seu filho, um jovem que adorava jogos de azar e cassinos, não estava preparado para suceder ao pai.
Aliyev soube tirar proveito do rápido crescimento econômico que seu país teve graças ao petróleo - manteve uma linha pragmática entre o seu vizinho russo e os países ocidentais e reprimiu severamente toda a oposição.
"Seu objetivo parece ser um ambiente político sem competição para a dinastia Aliyev", destacava um telegrama diplomático ocidental revelado pelo WikiLeaks.
Não é tão simples falar abertamente sobre a fortuna do presidente no Azerbaijão. Algumas investigações encontraram vestígios de empresas offshore ligadas à sua família.
Os "Pandora Papers" publicados em 2021 pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (Icij), revelaram, por exemplo, que pessoas próximas do presidente realizaram transações imobiliárias opacas no Reino Unido - inclusive a compra de um prédio de escritórios por US$ 45 milhões (R$ 218,5 milhões), no nome de seu filho.
Aliyev desmente todas as acusações de corrupção e violações dos direitos humanos contra ele.
O líder azerbaijano se esforça para restaurar a imagem de seu país internacionalmente e tem utilizado petrodólares para patrocinar eventos como o Grande Prêmio de Fórmula 1 ou partidas de futebol europeu, em 2021.