"As pessoas que, ao serem abandonadas sobre as ondas, correm o risco de se afogar, devem ser socorridas. É um dever da humanidade, é um dever de civilização", disse o pontífice, junto a um memorial dedicado aos desaparecidos no mar.
Com o Mar Mediterrâneo ao fundo, o papa pediu, ainda, que as pessoas não se resignem a ver "seres humanos tratados como mercadoria de troca" e denunciou "os dramas dos naufrágios, provocados por contrabandos repugnantes e pelo fanatismo da indiferença".
"Não . São nomes e sobrenomes, são rostos e histórias, são vidas rompidas e sonhos destroçados (...) Frente a semelhante drama, as palavras não servem, senão os fatos", acrescentou.
Em um contexto de debates na Europa sobre a acolhida aos migrantes, o líder da Igreja Católica pediu para "superar a paralisia do medo e do desinteresse, que condena à morte com luvas de seda", para "cuidar dos mais fracos".
E agradeceu os membros de ONGs que salvam migrantes, presentes na cerimônia, apesar de, algumas vezes, serem impedidos de trabalhar. "São gestos de ódio", assegurou.
"Nós, os crentes, devemos ser exemplares na acolhida recíproca e fraterna", ressaltou, ao mesmo tempo em que defendeu a coabitação entre diferentes religiões.
O pontífice de 86 anos iniciou, nesta sexta-feira, uma visita de dois dias a Marselha, dedicada ao Mediterrâneo e ao drama vivido pelos migrantes.
O momento mais simbólico é a cerimônia em homenagem às pessoas desaparecidas no mar, aos pés da imponente basílica de Notre Dame de la Garde (Nossa Senhora da Guarda), coroada por uma estátua da Virgem com o menino Jesus.
O pontífice, acompanhado de migrantes e líderes religiosos, deve depositar uma coroa de flores brancas e amarelas aos pés do memorial, formado por uma Cruz de Camargue, que une uma cruz, uma âncora e um coração.