Como já aconteceu em Veneza e Toronto, a greve de atores e roteiristas nos Estados Unidos também atrapalhou os planos da 71ª edição do festival nesta cidade do norte da Espanha, que não poderá contar com a presença do ator espanhol Javier Bardem, uma das grandes estrelas previstas.
Apesar de seu rosto permanecer no cartaz desta edição, Bardem - que aderiu à greve nos Estados Unidos - não pôde comparecer para receber seu prêmio honorário durante a cerimônia de inauguração desta sexta, e a homenagem foi adiada para o ano que vem.
Mas a greve em Hollywood não esvaziará de todo o tapete vermelho deste festival, um dos grandes da Europa junto a Cannes, Veneza e Berlim, e por onde passarão nomes como Jessica Chastain, Juliette Binoche, Griffin Dunne, Mads Mikkelsen, James Norton e Dominic West.
O evento de abertura no Kursaal, o palácio de convenções de San Sebastián, serviu também para celebrar a carreira de Hayao Miyazaki, primeiro prêmio honorário Donostia desta edição.
Ausente da cerimônia, o cofundador do histórico Studio Ghibli, de 82 anos, agradeceu o reconhecimento com um vídeo curto gravado no Japão, antes da projeção de seu último filme, "Kimitachi wa Dou Ikiru ka" ("O Menino e a Garça", em tradução livre do título em inglês) fora da mostra competitiva na Seção Oficial.
O longa, o primeiro do diretor de "A Viagem de Chihiro" (2001) em uma década, acompanha o jovem Mahito enquanto ele transita pelos horrores da Segunda Guerra Mundial e a morte de sua mãe, em uma história fantástica de tons autobiográficos, que foi ovacionada pelo público.
A partir de sábado, começam as projeções ao público dos 16 filmes que competirão pela Concha de Ouro, entre eles o dos diretores argentinos María Alché e Benjamín Naishtat ("Puan"), e Martín Rejtman ("La Práctica"), além dos novos trabalhos da espanhola Isabel Coixet ("Un Amor"), do grego Christos Nikou ("Fingernails"), do americano Noah Pritzker ("Ex-Husbands") e do francês Robin Campillo ("L'île rouge").
- Cinema latino-americano -
Com bom recebimento do público, a diretora argentina Paula Hernández abriu a seção de cinema latino-americano "Horizontes Latinos", com seu novo filme "El viento que arrasa".
O longa, uma coprodução argentino-uruguaia, narra a viagem de um pregador evangélico (interpretado pelo chileno Alfredo Castro) com sua filha adolescente por uma zona fronteiriça com o Brasil.
Uma avaria em seu carro fará com que ele cruze o caminho do mecânico "El Gringo" (o espanhol Sergi López), um homem de poucas palavras e princípios sólidos, que desconfia da influência do pregador sobre seu filho.
Nesta edição, a seção Horizontes Latinos reúne 12 filmes de Brasil, Argentina, México e Chile. As produções brasileiras são "Pedágio", de Carolina Markowicz, e "Estranho Caminho", de Guto Parente.