Jornal Estado de Minas

NAÇÕES UNIDAS

Rússia acusa Armênia de 'jogar lenha na fogueira' em conflito com Azerbaijão

O chanceler da Rússia, Sergei Lavrov, acusou, neste sábado (23), os líderes armênios de piorarem as tensões com o Azerbaijão, mas expressou sua esperança de que o país permaneça na órbita de Moscou após a reconquista por Baku do enclave separatista de Nagorno-Karabakh.



Falando na sede das Nações Unidas, Lavrov acusou o Ocidente de estar "mexendo os pauzinhos" para minar a influência russa, mas acrescentou que "infelizmente, a liderança da Armênia de vez em quando joga mais lenha na fogueira".

Forças de paz russas foram enviadas após uma guerra anterior, em 2020, para monitorar o cessar-fogo em torno de Nagorno-Karabakh, governado por separatistas armênios durante décadas.

Não obstante, na terça-feira o Azerbaijão se apoderou rapidamente do território montanhoso, apesar dos apelos do primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan, ao Kremlin para que o impedisse.

Lavrov respondeu a um alto dirigente político armênio que acusou o presidente russo Vladimir Putin de entregar Nagorno-Karabakh ao Azerbaijão após os combates de 2020.

"Esta acusação é ridícula", afirmou. "Estamos convencidos de que o povo armênio se recorda de sua história", acrescentou.

O chefe da diplomacia russa expressou sua confiança de que os armênios seguirão vinculados à "Rússia e a outros Estados amigos da região ao invés daqueles que os convocam do estrangeiro".

Uma declaração firmada em 1991 em Almaty, a maior cidade do Cazaquistão, então conhecida como Alma-Ata, estabelecia que as fronteiras dos países recém-independentes que haviam sido repúblicas soviéticas eram invioláveis.

Essa declaração "significava que Nagorno-Karabakh era parte do Azerbaijão, simples assim", disse Lavrov.

Pouco depois, um porta-voz do Departamento de Estado americano assinalou que o responsável da pasta, Antony Blinken, expressou neste sábado à Armenia a "profunda preocupação" de seu país com os armênios de Nagorno-Karabakh.