"O dano ambiental é irreversível. Levará muitos anos até que isto volte a normalidade. Existe um dano e, a cada semana, a cada dia, vai piorando", disse à imprensa o ministro de Segurança do Panamá, Juan Manuel Pino, em visita ao Darién com seu par da Costa Rica, Mario Zamora.
A fronteira natural, de 266 km de extensão e 575.000 hectares de superfície, se tornou um corredor obrigatório para milhares de migrantes que, partindo da América do Sul, tentam chegar sem vistos aos Estados Unidos, atravessando a América Central e o México.
Cerca de 390.000 migrantes entraram no Panamá por esta floresta até agora neste ano, muito mais que em todo o ano passado, quando foram 248.000, segundo dados oficiais panamenhos.
"Temos que ter muito cuidado com isso, porque vai afetar gerações futuras, vai afetar nossas comunidades indígenas, que se veem impactadas com o trânsito dessas pessoas", acrescentou Pino.
Os migrantes deixam um rastro de lixo na selva: botas, meias, garrafas plásticas, cuecas, sutiãs, óculos, escovas de dente e fraldas. Muitos resíduos também cobrem as margens dos rios, observaram jornalistas da AFP.
"Nos impressionou muito a deterioração das condições naturais [...] em razão da passagem em massa de pessoas, ou seja, um cenário que não está preparado para este tipo de uso humano e que, do ponto de vista natural, foi severamente afetado", disse Zamora.
Os ministros visitaram os vilarejos de Bajo Chiquito e Canaán Membrillo, aonde chegam milhares de migrantes todos os dias. Lá eles embarcam em canoas e navegam até Lajas Blancas, onde pegam ônibus que os levam à fronteira com a Costa Rica para seguirem viagem rumo à América do Norte.
Os funcionários anunciaram que o presidente da Costa Rica, Rodrigo Chaves, visitará o Darién em 7 de outubro com seu colega panamenho, Laurentino Cortizo, para coordenar ações conjuntas.
Em seu discurso na Assembleia Geral da ONU na terça-feira, Cortizo destacou que o trânsito em massa de migrantes é "insustentável".
A maioria dos migrantes é venezuelana, mas também há equatorianos, haitianos, chineses, vietnamitas, afegãos e de países africanos.
Além disso, os migrantes correm grandes perigos, pois a região é área de atuação vários grupos criminosos.
METETI