A Rússia, por sua vez, responsabilizou o governo do Kosovo pelo "sangue derramado" e advertiu para o risco de arrastar "toda a região dos Bálcãs para um abismo perigoso".
Um grupo de homens armados se entrincheirou em um mosteiro no domingo, depois de uma emboscada contra uma patrulha policial que deixou um agente morto perto da fronteira com a Sérvia.
Segundo as autoridades kosovares, seis dos agressores foram para a Sérvia, onde recebiam atendimento em um hospital. Acrescentaram que quatro integrantes do grupo armado foram abatidos.
"Seis terroristas feridos estão sendo tratados no hospital de Novi Pazar e pedimos à Sérvia que os entregue imediatamente às autoridades de Kosovo, para que sejam processados", disse aos jornalistas o ministro do Interior kosovar, Xhelal Svecla, em referência a uma cidade do sul da Sérvia.
A área que circunda o mosteiro nos arredores do povoado de Banjska continua isolada.
O governo do Kosovo declarou luto nacional e responsabilizou a Sérvia pelo incidente, uma acusação que foi desmentida por Belgrado.
A Sérvia se nega a reconhecer a independência desta antiga província, cuja população de 1,8 milhão de habitantes, majoritariamente albaneses, inclui uma comunidade de origem sérvia.
O ministro do Interior do Kosovo informou que as autoridades apreenderam uma "quantidade excepcionalmente grande de armas pesadas", explosivos, uniformes, reservas de comida e equipamento.
Na Sérvia, a imprensa reportou os incidentes com ceticismo e muitos meios de comunicação citaram a declaração do presidente sérvio, Aleksandar Vucic, que na noite de domingo negou qualquer envolvimento nos enfrentamentos e responsabilizou o governo do Kosovo.
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, pediu a Kosovo e Sérvia que evitem qualquer ação que aumente a tensão.
"Os autores deste crime devem prestar contas através de um processo de investigação transparente", afirmou Blinken em comunicado.
A morte do policial e o enfrentamento aumentou as tensões no Kosovo, após meses de atritos entre o governo de Pristina e as autoridades sérvias.
O incidente acontece depois que um novo ciclo de diálogo, ocorrido em meados de setembro sob mediação da União Europeia (UE), terminou sem avanços.
- Rússia responsabiliza o Kosovo -
"Não há dúvida de que o sangue derramado ontem é uma consequência direta e imediata da política do suposto 'primeiro-ministro Albin Kurti' de incitação ao conflito", assinalou o Ministério das Relações Exteriores da Rússia.
Segundo Moscou, a polícia do Kosovo "está desacreditada há tempos por atos punitivos sistemáticos contra a comunidade sérvia".
Referindo-se a um embargo aos bens provenientes da Sérvia, a Rússia afirmou que "as localidades do norte estão há meses à beira de uma catástrofe humanitária".
"Existe uma ameaça direta de um retorno da limpeza étnica que praticaram os extremistas albaneses do Kosovo", considerou o ministério russo.
Essa região do Kosovo costuma registrar incidentes deste tipo, mas as tensões disparam em maio, depois que os dirigentes kosovares instalaram prefeitos de etnia albanesa em quatro municípios de maioria sérvia.