"Acredito firmemente que serei absolvido", disse o senador, assegurando que não vai renunciar.
A justiça americana o indiciou na sexta-feira passada, juntamente com sua esposa, Nadine Menéndez, e três empresários por um esquema de propina, extorsão e tráfico de influência para favorecer empresários e o governo do Egito.
"Todas as pessoas são inocentes até que sua culpa seja comprovada", disse o senador durante uma coletiva de imprensa, na qual lembrou sua trajetória de mais de 30 anos na defesa "com unhas e dentes" do que acreditava ser "justo".
Segundo a promotoria americana, foram encontrados em sua casa em Nova Jersey 550 mil dólares (mais de R$ 2,7 milhões, na cotação atual) em dinheiro vivo e barras de ouro avaliadas em mais de 150 mil dólares (R$ 744 mil), além de um carro de luxo doado por um dos empresários.
"Reconheço a gravidade deste momento e que será minha maior batalha até hoje", disse, falando em espanhol, este filho de imigrantes cubanos de 69 anos que, na sexta-feira, após o anúncio de seu indiciamento, se afastou "temporariamente" da presidência da Comissão de Relações Exteriores do Senado, de onde influenciava a política externa americana.
Conhecido como Bob, o senador, sua esposa e três empresários - Wael Hana, José Uribe e Fred Daibes - foram indiciados por duas acusações de suborno e fraude. Menéndez e a esposa também foram acusados de extorsão.
Se forem considerados culpados, podem pegar até 20 anos de prisão pelas acusações mais graves.
O senador justificou a quantidade de dinheiro que tinha em casa pela "história da minha família, vítima do confisco em Cuba", o que pode parecer "ultrapassado", mas assegurou que foi um dinheiro que retirou "de sua poupança", fruto de "30 anos de trabalho".
Segundo as acusações da promotoria do tribunal sul de Manhattan, Menéndez repassou informação sensível ao Egito para ajudar o empresário egípcio-americano Wael Hana a proteger seu monopólio.
- "Oportunidade política" -
"O senador e sua esposa receberam centenas de milhares de dólares em propinas em troca de o senador Menéndez usar seu poder e influência para proteger e enriquecer estes empresários e beneficiar o governo do Egito", afirmou o promotor Damian Williams nos autos de acusação.
"Menéndez repassou informação sensível ao governo dos Estados Unidos e adotou outras medidas que ajudaram secretamente o governo do Egito", apontou a acusação.
"Infelizmente, sei que ao invés de esperar que todos os fatos sejam apresentados, outros se apressaram em julgar porque veem uma oportunidade política para si próprios ou para aqueles que os cercam", explicou o senador em Union City, Nova Jersey, cercado de apoiadores.
Trata-se da segunda acusação de corrupção em oito anos contra este político veterano de Nova Jersey, que põe em risco sua posição e, com ela, a maioria apertada do Partido Democrata no Senado.
Senador desde 2006 e antes membro da Câmara de Representantes durante 14 anos, Menéndez tem sido um democrata leal no Congresso por três décadas.
Como presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, foi um opositor ferrenho à normalização das relações com Cuba e inimigo declarado de Venezuela e China, além de defensor de Israel.
Em 2015, foi acusado de aceitar caronas em jatos particulares, férias de luxo e mais de 750.000 dólares (aproximadamente R$ 3 bilhões, na cotação da época) em doações ilegais de campanha.
Mas as acusações foram arquivadas três anos depois, quando o júri não conseguiu chegar a um veredicto unânime e o Departamento de Justiça desistiu de fazer um novo julgamento.
Menéndez anunciou que disputará a reeleição ao Senado nas eleições de 2024, nas quais os democratas podem perder sua estreita maioria de 51 a 49 assentos.
UNION CITY