Foi um ato classificado como "histórico" pela Casa Branca.
Com um boné de beisebol e um megafone nas mãos, o democrata de 80 anos se dirigiu aos trabalhadores do sindicato UAW e reconheceu "os sacrifícios" que fizeram para salvar a indústria em 2008. E que, por isso, merecem um "aumento significativo" em seus salários, afirmou.
Em campanha pela reeleição em 2024, o democrata está comprometido com o sindicato que enfrenta as três grandes empresas do setor: General Motors, Ford e Stellantis.
Os trabalhadores esperaram por Biden na entrada da fábrica no condado de Wayne, onde uma dezena de grevistas fazia um piquete na manhã desta terça-feira. O ato contou com uma fogueira perto de uma tenda, além de cartazes pedindo "salve o sonho americano".
"É um apoio muito importante, porque ele acredita naquilo pelo que lutamos. Isso me enche de orgulho", disse à AFP um dos trabalhadores, Patrick Smaller, de 56 anos.
Após uma parada em uma fábrica da Ford, o presidente foi para as instalações da Stellantis em Belleville, não muito longe, onde era esperado por um pequeno grupo de trabalhadores.
"Espero que sua visita e seu apoio nos ajudem, isso demonstra às empresas que contamos com o apoio do presidente e que, com um pouco de sorte, aceitarão um acordo rapidamente", disse Kristy Zometsky, de 44 anos, que trabalha nesta fábrica há nove anos.
"O fato de ele adotar uma posição pública e afirmar que apoia nossa causa é muito importante", acrescentou Curtis Cranford, de 66 anos, que afirma votar nos republicanos "devido à imigração e ao aborto".
Biden conseguiu roubar o protagonismo de seu antecessor, Donald Trump, favorito para a nomeação republicana nas eleições presidenciais e, portanto, seu possível rival nas urnas.
Ele fez isso antecipando-se em um dia a Trump, que irá a Michigan na quarta-feira para tentar convencer os trabalhadores a ajudá-lo a reconquistar a Casa Branca.
O republicano acusa o democrata de ter roubado a ideia para tirar uma foto. "Nada mais do que uma sessão de fotos ruim", resumiu o porta-voz de Trump, Jason Miller.
- "Pró-sindicatos" -
Para o democrata, o desafio é provar que ele é o defensor dos trabalhadores, dos sindicatos e o arquiteto do ressurgimento da indústria americana.
Mas aos 80 anos, o presidente está consciente de que o conflito nesta indústria-chave pode custar caro à economia dos EUA.
Ainda assim, Biden observou que os fabricantes devem beneficiar seus empregados com seus "lucros recordes".
"Não estamos envolvidos nas negociações" entre sindicato e empresas, frisou sua porta-voz, Karine Jean-Pierre, ao ser questionada sobre se o presidente tomaria partido de alguma das partes.
- Estado-chave -
Biden fez do apoio aos sindicatos uma característica fundamental de seu mandato. O apoio do sindicato UAW à sua candidatura em 2020 foi essencial para que o estado de Michigan votasse a seu favor, após votar em Trump em 2016.
O governo democrata é uma das forças motrizes por trás da mudança histórica da indústria automotiva em direção aos veículos elétricos.
"Quando ele caminhar lentamente para fingir que está num 'piquete', lembrem-se que ele quer enviar os empregos de vocês para a China", lançou Trump em sua rede Truth Social, embora os subsídios para veículos elétricos previstos no plano de Biden só se apliquem a carros fabricados na América do Norte.
Trump precisa dos votos de operários de estados-chave como Michigan, Pensilvânia e Wisconsin, conquistados em 2016. Amanhã, o republicano discursará na frente de uma fábrica de autopeças em Clinton Township, Michigan, segundo sua equipe de campanha, a cerca de 60 quilômetros do local onde Biden esteve nesta terça-feira.
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