Os estrangeiros, que buscavam chegar nos Estados Unidos, foram conduzidos a centros migratórios por falta de documentos para permanecer no México, informou a comissão ao concluir sua visita ao país, que teve início no último dia 18.
A equipe da ONU, que visitou os estados de Chiapas (sul), Morelos (centro) e Nuevo León (norte), observou que "um grande número de migrantes e solicitantes de asilo estão detidos no México, uma cifra que chega a mais de 240 mil pessoas no primeiro semestre de 2023", disse em entrevista coletiva Ganna Yudkivska, membro da relatoria. O comitê não informou quantos deles permanecem em instalações migratórias.
"Descobrimos que um número significativo de migrantes são retidos além do limite de 36 horas estabelecido pela Constituição, o que aumenta o risco de incorrer em detenção arbitrária", acrescentou a relatora, segundo quem os enviados da ONU também observaram "menores de 18 anos, alguns de apenas 10 anos, retidos nessas áreas compartilhadas, apesar das reformas legais contra a prisão de crianças migrantes" realizadas no México.
- Subornos -
Nos centros de detenção, os migrantes também "enfrentam restrições de movimento, uma vez que portas metálicas com fechaduras separam as salas de estar dos espaços ao ar livre", ressaltou a enviada. Essas limitações causaram uma tragédia em março, quando 40 pessoas morreram em um incêndio no centro migratório de Ciudad Juárez, na fronteira com o Texas.
Os relatores também constataram "relatos frequentes de suborno", segundo os quais funcionários diziam aos migrantes que, "se pagassem, poderiam seguir seu caminho. Caso contrário, seriam detidos", detalhou à AFP Matthew Gillett, integrante do Grupo de Trabalho.
As denúncias da comissão são feitas em meio a um novo pico migratório. Em agosto, um recorde de quase 233 mil migrantes cruzaram a fronteira sul dos Estados Unidos, e a escalada continuava em setembro. Autoridades migratórias mexicanas confirmaram que interceptaram neste mês uma média diária de 9 mil pessoas.
O governo mexicano reconhece que está sobrecarregado pela quantidade de pessoas que cruzam o seu território para chegar aos Estados Unidos, a grande maioria procedente de Venezuela, Cuba, Haiti e países da América Central. Além disso, endureceu as medidas para evitar a passagem de pessoas sem documentos a bordo de trens de carga, depois que a maior operadora ferroviária local interrompeu temporariamente 30% de suas operações devido ao fluxo intenso de estrangeiros.
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