O autor usou um programa de IA chamado Midjourney para gerar as imagens. No processo de criação, Murat dava ao Midjourney as descrições e os estilos específicos, e o bot ia gerando as imagens.
Ele apresentou o projeto ao seu editor, que o cancelou, devido à pressão de alguns funcionários que consideraram que a ideia estabeleceria um precedente negativo.
Em resposta, Thierry Murat iniciou uma campanha de "crowdfunding" na plataforma Ulule. Arrecadou mais de 23 mil euros (cerca de US$ 26 mil) para lançar o álbum por conta própria.
"inicial_A." se passa no futuro e conta a história de uma jovem solitária em um planeta semelhante ao nosso, e seu diálogo com uma voz desencarnada.
O projeto dividiu o mundo dos quadrinhos. Alguns elogiam a ousadia do autor, enquanto outros lamentam que ele legitime "softwares" como o Midjourney. Este programa e ferramentas similares se baseiam no trabalho de cartunistas, ou ilustradores, sem oferecer remuneração.
"Não fiz nada ilegal. Não coloquei em perigo o setor editorial. Não sou responsável pela invenção desta máquina. Sou simplesmente um artista livre que se permite contemplar o mundo, incorporando esta ferramenta ao meu kit de criador", disse Murat à AFP.
O Midjourney já havia sido usado na França e nos Estados Unidos por outros autores.
É o caso de Jiri Benovsky ("Mathis et la Forêt des possibles") e Mehdi Touzani ("Le Voyage à Ravine"), na França, e de Kris Kashtanova ("Zarya of the Dawn") e Steve Coulson ("The Bestiary Chronicles"), nos EUA.
PARIS