"Essa pessoa foi detida em Israel e será extraditada ao México", afirmou na segunda-feira o presidente Andrés Manuel López Obrador em sua coletiva de imprensa diária.
O ministério das Relações Exteriores confirmou horas depois, em um comunicado, que a polícia israelense prendeu Roemer no domingo "com fins de extradição, a pedido do governo mexicano" e por solicitação específica da Procuradoria da Cidade do México.
"Embora não exista tratado de extradição com o Estado de Israel, a detenção (...) foi realizada com base no princípio da reciprocidade e da cooperação internacional, a partir da boa relação bilateral que existe em todos os setores entre os dois país", acrescentou o ministério.
A polícia de Israel anunciou a detenção de um cidadão mexicano, de 60 anos, na cidade costeira de Tel Aviv, com base em um mandado da Interpol. "Um processo de extradição para o México será efetuado" informou em um comunicado, que não cita o nome do detido nominalmente, mas destaca que foi acusado de crimes sexuais.
O suspeito foi transferido para a Procuradoria de Jerusalém, onde a sua detenção foi prorrogada até 16 de outubro de 2023, data em que acontecerá a extradição para o México", conclui o comunicado.
O México solicitou originalmente a extradição ao governo de Israel em junho de 2021.
As acusações contra Roemer - que somam cerca de 60, segundo o grupo feminista Jornalistas Unidas Mexicanas (PUM, na sigla em espanhol) - começaram em fevereiro de 2021, quando a bailarina Itzel Schnaas o denunciou de agressão sexual.
Na época, o intelectual negou "categoricamente" na rede social X (ex-Twitter) a primeira acusação, mas se afastou das redes sociais à medida em que as denúncias contra ele aumentavam.
De acordo com as acusações, o ex-diplomata costumava reuni-las em sua casa ou escritório alegando motivos de trabalho, e depois realizava toques inapropriados nelas.
Roemer, de 60 anos, foi cônsul do México em San Francisco, nos Estados Unidos.
Também fazia trabalhos filantrópicos e serviu como embaixador da boa vontade na Unesco, organização que rompeu relações com ele depois que as acusações de agressão sexual se tornaram públicas.
Além disso, López Obrador aproveitou a ocasião para pedir a Israel que extradite o ex-chefe policial Tomás Zerón, que é procurado pelo desaparecimento dos 43 estudantes de magistério de Ayotzinapa em 2014.
"Esperamos que as autoridades de Israel ajudem", assinalou López Obrador. Zerón foi encontrado em Israel em 2020.
O ex-funcionário foi um dos principais encarregados de investigar o caso Ayotzinapa, e é acusado de manipular a investigação e de sequestrar e torturar testemunhas.
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