O DDD 31 e o 37 estão entre os que mais acionaram o telefone da repórter fotográfica de Dores do Indaiá (Centro-Oeste de Minas) Maria Gontow, de 59 anos, desde que terroristas do Hamas lançaram uma série de ataques contra Israel, no sábado (7/10).
Ela mora em Haifa, no norte do país, e desde então segue dentro de casa, com o marido, o jornalista Airton Gontow, de 61, acompanhando com apreensão o desenrolar dos fatos.
Como ela, vários mineiros e brasileiros se encontram cercados pela guerra ou têm pessoas queridas ameaçadas pelo conflito.
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Embaixador de Israel nos EUA diz que há americanos entre reféns do HamasBrasileiros afetados pela guerra entre Israel e Hamas serão repatriadosONU se preocupa com o fornecimento de alimentos no conflito entre Israel e o Hamas"Perguntam se a gente está em segurança, se está tudo bem, se tem míssil sendo lançado por aqui, se a gente pode sair na rua. A gente fica muito apreensivo, assistindo às notícias e esperando para ver como vai terminar essa tragédia", relata a jornalista.
O marido dela, Airton Gontow, diz que, mesmo estando a 150 quilômetros da Faixa de Gaza – território de onde partiram os ataques –, o país inteiro está em pânico. Na casa deles mesmo, um dos quartos é reforçado e serve de abrigo em caso de ataques.
"Israel é um país muito pequeno e os terroristas que invadiram as defesas e saíram de Gaza podem estar até aqui preparando um ataque. Por esse mesmo motivo, há muita comoção, não tem um amigo ou vizinho que não tenha um primo, sobrinho ou parente ameaçado na área sob ataque", salienta Airton.
Os efeitos posteriores também preocupam Airton e a segurança da sua família. "Para analistas, uma das priores coisas seria um ataque na nossa fronteira com o Líbano, ao norte, onde o grupo Hezbollah não tem interesse de agir, mas um pequeno grupo poderia aproveitar que estouraram os ataques no sul contra o Hamas. Isso seria algo que poderia ser um gatilho para atentados e uma guerra muito mais perto da gente", afirma ele.
Os dois souberam do conflito quando ainda quando tomavam um café romântico que Airton preparou, depois de passear de mãos dadas, esparando para escrever sobre o clássico Grenal (Grêmio x Internacional).
"Um amigo que estava indo para a praia com a família, perto do Egito, me ligou dizendo que estavam voltando, com muito medo. Não entendi muito bem, até disse que achava que eles iam aproveitar mais. Foi então que ele me perguntou se eu não estava sabendo. Liguei a televisão e fiquei assustado e muito preocupado, me imaginei no lugar dele, passando perto de Gaza com a família no carro, podendo ser alvo de mísseis, de terroristas, de sequestro ou algo pior. Aqui estamos todos sendo afetados o tempo todo", desabafa.
Tentando voltar para casa
Por muito pouco a representante de receptivos no Oriente Médio Sara Gonçalves Ballesteros, de 45 anos, não ficou presa em Israel em meio ao conflito. A passagem dela de volta para o Brasil estava marcada para o domingo (08/10), mas a mineira de Belo Horizonte decidiu adiantar o retorno e, na madrugada do sábado dos ataques, já estava voando para casa.
"Só soube dos ataques quando já estava em São Paulo. Foi um choque, se não tivesse saído estaria presa lá como tantas pessoas ainda estão. Mas por isso mesmo o meu coração está partido. Como trabalho em Israel, estou muito aflita para saber como estão meus colegas de trabalho, tantas pessoas com quem convivo, isso é muito angustiante", diz.
Sara conta que uma das primeiras posturas que teve quando soube do conflito foi fazer postagens pelas redes sociais para já deixar os familiares e amigos a par de que estava em segurança no Brasil.
"A resposta de Israel deverá ser rápida e potente contra os terroristas. O Hamas oprime os próprios palestinos, por isso a paz é um desejo para todos os palestinos e judeus. Com isso espero poder voltar a Israel ainda em janeiro, com outro grupo, em uma situação de paz e segurança que vinha imperando no país até esses atentados sem sentido", prevê.
Apreensão com o filho
Um dos guias que trabalha com Sara Gonçalves em Israel é o argentino Sebastian Tchechelitzky, de 46 anos, que fala muito bem português por conhecer bem o Brasil e que é morador do sul de Tel Aviv, a capital israelense.
No momento em que atendeu à reportagem, ele se preparava para ir a um dos bancos de sangue da cidade para ajudar os feridos que precisam de transfusões. Mas a tragédia, para ele e muitos outros, é ainda mais intensa, uma vez que o filho de 19 anos de Sebástian tinha acabado de se despedir e para se reintegrar à unidade do Exército e combater os terroristas no Sul.
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"A unidade dele não tinha ido imediatamente, porque estavam de férias e por isso sem armas. Mas hoje ele foi convocado e foi para o Sul. A gente sabe que é o nosso dever de lutar para defender o país, mas como pai a preocupação sempre vai ser muito forte. Tenho sobrinhos que já estão em luta contra os terroristas. Enquanto isso, nós seguimos daqui tentando notícias", disse.
Segundo ele, quando os foguetes lançados pelo Hamas cruzaram os céus e as sirenes contra ataque aéreo soaram, ele ainda estava dormindo. "Foi assim que soube que estávamos em guerra. Nos meus 24 anos em Israel, já tinha passado por um intifada, por outros atentados e conflitos, mas nada como isso. As pessoas estão desesperadas, evitando sair de suas casas. Os supermercados e farmácias estão lotados de pessoas levando tudo o que podem de comida, água e remédios. Vamos ter uma repsosta forte, mas não sabemos o que isso pode significar", concluiu Sebástian.