"Jamais em pesos, jamais em pesos. O peso é a moeda emitida pelo político argentino, portanto não pode valer nem excremento, porque esses lixos não servem nem para adubo", declarou Milei em uma entrevista à Radio Mitre. Ele recomendou não renovar os depósitos a prazo fixo em moeda local, um dia após um debate entre os candidatos presidenciais.
O valor do dólar no mercado oficial, controlado pelo governo, se manteve nesta segunda-feira em 365 pesos. Por sua vez, no mercado informal, o 'dólar blue' ou paralelo atingiu o recorde de 945 pesos, com uma diferença de mais de 160% em relação à cotação oficial.
Milei, favorito nas pesquisas para o primeiro turno eleitoral, havia dito dias atrás que "quanto mais alto estiver o dólar, mais fácil é dolarizar".
Também nesta segunda, o Banco Central garantiu que o "sistema financeiro argentino apresenta uma sólida situação de solvência, capitalização, liquidez e provisão" e que sua política monetária "busca manter o poder de compra das economias por meio do pagamento dos prazos fixos".
"O dinheiro poupado pelos argentinos e depositado no sistema financeiro está protegido por um seguro de depósito e pelo papel do Banco Central da República Argentina, que atua como emprestador de última instância", enfatizou a instituição em comunicado.
Milei reiterou que tem "a convicção de fechar o Banco Central, o que se faz na prática dolarizando". "Mas depois vamos escolher a moeda que quisermos", acrescentou.
A Argentina sofre uma forte escassez de divisas que corrói suas já restritas reservas internacionais, em meio a um processo inflacionário que conduziu o índice de preços a mais de 120% em 12 meses até agosto.
Em 14 de agosto, um dia após Milei se tornar o candidato mais votado nas primárias (29,8%), o ministro da Economia e candidato presidencial da União pela Pátria (peronismo de centro-esquerda), Sergio Massa, desvalorizou o peso argentino em cerca de 20%.
BUENOS AIRES