O primeiro-ministro israelense, o ultranacionalista Benjamin Netanyahu, comprometeu-se nesta quarta-feira (11) a "destruir" o movimento islamista palestino Hamas, que lançou uma ofensiva sem precedentes contra Israel e continuou lançando foguetes contra o território enquanto a artilharia do Estado hebreu bombardeava Gaza.
"O Hamas é o Daesh e vamos esmagá-los e destruí-los, assim como o mundo destruiu o Daesh", declarou Netanyahu em seu primeiro discurso ao lado dos membros do gabinete de guerra formado nesta quarta-feira com membros da oposição.
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Lula pede proteção para 'crianças israelenses e palestinas'Líderes saudita e iraniano conversam sobre guerra entre Israel e HamasHamas anuncia libertação de refém israelense e duas criançasObjetivo de Israel em Gaza é 'liquidar' governo do Hamas, diz ExércitoO anúncio ocorre cinco dias após a ofensiva lançada contra Israel pelo Hamas a partir da Faixa de Gaza, governada desde 2007 pelo movimento islamista palestino.
O ataque por terra, mar e ar deixou mais de 1.200 mortos do lado israelense, incluindo 169 soldados, segundo o exército, além de centenas de civis massacrados pelos islamitas em cooperativas agrícolas e em um festival musical.
Israel respondeu bombardeando a Faixa de Gaza, mas também mobilizou 300 mil reservistas e desdobrou dezenas de milhares de soldados ao redor do enclave e na fronteira norte com o Líbano, onde nesta quarta-feira houve novamente troca de tiros com o movimento pró-iraniano Hezbollah, aliado do Hamas.
Em Gaza, pelo menos 1.200 pessoas morreram e 5.600 ficaram feridas nos bombardeios israelenses até o momento, de acordo com o Ministério da Saúde palestino.
A ONU revelou que 338.934 pessoas foram deslocadas na Faixa de Gaza em meio aos bombardeios israelenses.
Dezenas de pessoas também estão desaparecidas ou mantidas como reféns pelo Hamas.
O movimento afirmou em comunicado ter libertado "uma mulher israelense e seus dois filhos" e divulgou em sua rede de televisão Al Aqsa imagens de uma mulher de camisa azul com dois filhos e três homens armados se afastando de uma área com arame farpado.
No entanto, a televisão pública israelense posteriormente afirmou que as imagens mostravam pessoas que "nunca haviam sido levadas para Gaza".
A imprensa local informou que se tratava de Avital Aladjem, do kibutz Holit, que havia sido levada à força no sábado por homens do Hamas junto com os dois filhos de um vizinho até a zona de fronteira entre Israel e a Faixa de Gaza após o ataque de sábado.
- Gabinete de Guerra -
Qualquer membro do Hamas será um "homem morto", enfatizou Netanyahu, cujo governo de coalizão, o mais à direita da história de Israel, controla 64 dos 120 assentos do Parlamento. Com a inclusão do Partido de Unidade Nacional de Gantz, chegará a 76 assentos.
O principal líder da oposição, Yair Lapid, não faz parte da aliança, embora o comunicado tenha especificado que ele tem um lugar "reservado" no gabinete de guerra.
Israel bombardeia a Faixa de Gaza desde sábado e mantém o cerco à região, cortando o fornecimento de água, eletricidade e comida. Mais de 2,3 milhões de palestinos vivem em condições precárias neste território de 360 km².
De acordo com o Exército israelense, vários objetivos do movimento islamista foram atingidos nos bombardeios. O Hamas, por outro lado, afirmou que os ataques atingiram casas, fábricas, mesquitas e lojas.
"Estamos presos, não sabemos para onde ir e não podemos ficar porque nosso chão está coberto de vidros quebrados e estilhaços", disse à AFP Mohammed Mazen, um morador de Gaza de 38 anos, pai de três filhos.
Do lado de Gaza, os ministros das Relações Exteriores da Liga Árabe condenaram o cerco israelense e pediram o envio "imediato" de ajuda para os habitantes.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou que conversou com Netanyahu e o instou a seguir as "regras da guerra" em sua resposta ao Hamas.
No entanto, a ministra da Inteligência israelense, Gila Gamliel, declarou em entrevista à AFP que o governo estava determinado a "erradicar" o Hamas, para que "ninguém no mundo sequer pense em usar o que aconteceu como um modelo" para planejar futuros ataques.
O grupo islamista ameaçou executar os reféns caso os bombardeios a Gaza continuem sem aviso prévio. Entre os capturados, estão jovens sequestrados durante um festival musical no sábado de manhã, onde cerca de 250 pessoas foram massacradas, segundo uma ONG israelense.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, está negociando com o Hamas a libertação dos reféns, informou uma fonte oficial turca à AFP.
Os braços armados do Hamas e a Jihad Islâmica afirmaram nesta quarta-feira que lançaram ataques com foguetes contra o sul e o centro de Israel.
Onze trabalhadores da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Médio (UNRWA) morreram desde sábado na Faixa de Gaza, informou Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU.
A Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho indicaram, por sua vez, que cinco de seus membros morreram nos últimos cinco dias, tanto em Israel quanto no enclave palestino.
Israel anunciou na terça-feira que recuperou o controle de sua fronteira com a Faixa de Gaza, após dias de combates com os islamitas. Cerca de 1.500 cadáveres de combatentes do Hamas foram encontrados na região, disse.
- Temores de escalada regional -
A ofensiva do Hamas gerou múltiplas condenações internacionais e a preocupação de que uma escalada possa se estender pela região.
Ao menos quatro palestinos morreram, também nesta quarta-feira, quando um grupo de colonos israelenses atacou uma cidade no sul de Nablus, na Cisjordânia ocupada, informou o Ministério da Saúde palestino.
O exército matou, ainda, dois outros palestinos, elevando para 29 o número de palestinos mortos na Cisjordânia ocupada desde a ofensiva lançada pelo Hamas.
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Kirby, anunciou, nesta quarta, que um segundo porta-aviões estará disponível para apoiar Israel em caso de necessidade.
O presidente russo, Vladimir Putin, instou a abertura de negociações entre Israel e os palestinos, e alertou contra uma "propagação" do conflito.