"Levando-se em consideração os graves danos causados" por esta organização, o governo considera que "se trata de um caso que pode ser objeto de uma ordem de dissolução", declarou o ministro Moriyama à imprensa, após uma reunião com um grupo de especialistas.
O governo poderá solicitar a dissolução da organização em um tribunal de primeira instância de Tóquio nesta sexta-feira, conforme os jornais locais.
O suspeito do assassinato, Tetsuya Yamagami, agiu por ressentimento contra a Seita Moon, que conseguiu de sua mãe vultosas doações, deixando a família na bancarrota. O homem também pensava que o ex-primeiro-ministro era alguém próximo daquela seita.
Shinzo Abe não era membro da Igreja da Unificação, mas, em 2021, participou de um colóquio organizado por um grupo afiliado a essa seita. O evento contou com a presença de outros políticos, como o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump.
O grupo, que passou a se chamar Federação das Famílias para a Paz e Unificação Mundial, negou qualquer irregularidade de sua parte e se comprometeu a evitar que seus membros façam doações "excessivas".
Muitos ex-membros criticaram publicamente as práticas da seita, acusada de impor metas de doação a seus fiéis.
As revelações sobre seus vínculos com figuras políticas importantes no Japão contribuíram para a queda da popularidade do atual governo, liderado por Fumio Kishida.
Em outubro de 2022, Kishida ordenou a abertura de uma investigação sobre a Igreja da Unificação.
Se o tribunal ordenar a dissolução, a Igreja da Unificação perde suas isenções fiscais, mas pode continuar exercendo suas atividades religiosas.
Até agora, apenas dois grupos religiosos foram sujeitos a tal ordem no Japão. Um deles é a seita Aum Shinrikyo, responsável pelo ataque com gás sarin no metrô de Tóquio, em 1995.
Fundada na Coreia em 1954 por Sun Myung Moon, a seita Moon se desenvolveu fortemente nas décadas de 1970 e 1980, também no Japão. Moon (1920-2012) estabeleceu relações com o avô de Shinzo Abe, Nobusuke Kishi, que foi primeiro-ministro do Japão no final dos anos 1950.
TÓQUIO