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Estado de Minas SDEROT

O horror da coleta de cadáveres israelenses perto de Gaza

Yossi Landau, 33 anos de experiência em resgate de corpos, diz que testemunhou, no episódio do último sábado, violência como nunca tinha visto


13/10/2023 10:20 - atualizado 13/10/2023 11:48
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Rua em Ashdod atingida por foguete palestino; agentes de resgate vasculham o local
Rua em Ashdod atingida por foguete palestino; agentes de resgate vasculham o local (foto: AHMAD GHARABLI / AFP)
Por décadas, Yossi Landau recolheu cadáveres em Israel. No entanto, ele só desmoronou quando se deparou com os restos das pessoas mortas pelo movimento palestino Hamas.

Landau levantou no sábado (07) com o barulho das sirenes, algo que está "acostumado" devido aos frequentes ataques com foguetes.

Ele demorou para perceber que aqueles lançamentos eram "apenas uma operação de cobertura, porque o principal foi a invasão" dos milicianos islâmicos do Hamas, que se infiltraram a partir da Faixa de Gaza e mataram mais de 1.200 pessoas em território israelense.

Em sua casa, em Ashdod, uma cidade costeira ao norte da Faixa de Gaza, o homem lembra "o horror" que encontrou ao chegar ao local.

"Vi carros virados, vi pessoas mortas na rua", descreveu Landau ao falar de Sderot, uma cidade israelense perto da fronteira, onde muitos moradores morreram.

Landau possui 33 anos de experiência como voluntário da Zaka, uma organização que recupera os corpos de pessoas que sofreram mortes não naturais.

Landau diz que testemunhou uma violência como nunca tinha visto, nos tiroteios entre combatentes palestinos e forças israelenses.

"Uma parte da estrada que deveria levar 15 minutos para percorrer nos levou 11 horas, porque recolhemos todos e os colocamos em sacos", conta o homem, de 55 anos.

Veículos abandonados incendiados ou perfurados por balas ainda compõem este cenário no sul de Israel.
Depois de carregar dezenas de corpos para caminhões refrigerados, Landau e outros voluntários chegaram a Beeri, um kibutz com cerca de 1.200 habitantes a cinco quilômetros de Gaza.

"Senti que desmoronava. Não só eu, mas toda a minha equipe", recordou, após entrar na primeira casa e encontrar uma mulher assassinada.

O voluntário da Zaka disse que viu os corpos de vários civis - entre eles, cerca de 20 crianças -, com as mãos amarradas nas costas, antes de serem alvejados e queimados.

- Massacre em festival de música -

Mais de 100 pessoas morreram no kibutz Beeri e outras 270 foram assassinadas no festival de música Supernova, nas proximidades. Os corpos foram removidos do local, mas seus pertences ficaram espalhados no chão.

Quando um repórter da AFP visitou o local na quinta-feira (12), o sangue jorrava para fora de um carro parado ao lado de uma placa que indicava os caminhos na floresta.

Israel diz que retomou o controle da zona de fronteira, mas o exército ainda relata tiroteios com combatentes que sobraram.

As forças armadas anunciaram que os soldados "mataram um terrorista" na quinta-feira, perto de um kibutz a poucos quilômetros do local do festival, logo após terem ouvido tiros vindo do local.

Em resposta ao ataque do Hamas, Israel lançou mais de 6.000 bombas sobre a Faixa de Gaza, de acordo com números militares. Os ataques israelenses deixaram mais de 1.530 mortos no enclave, de acordo com o Ministério da Saúde palestino.

Diante da magnitude da violência, Landau diz que não "sente mais nada".

"Simplesmente separamos nossos sentimentos do nosso trabalho. E é isso que devemos fazer", desabafou.


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