"O secretário-geral e sua equipe passaram muito tempo ao telefone. Ele está em contato constante com autoridades israelenses, pedindo que evitem uma catástrofe humanitária", disse o porta-voz de Guterres, Stéphane Dujarric.
Em nota separada, divulgada nesta sexta-feira, Guterres ressaltou que "até mesmo as guerras têm regras". "A situação em Gaza caiu a um nível perigoso. O sistema de saúde está à beira de um desastre, os necrotérios estão sobrecarregados e há uma crise de água", afirmou.
"Precisamos de acesso humanitário imediato a Gaza, para levar combustível, alimentos e água a todos os que precisam", advertiu Guterres.
A ONU afirmou ontem que havia sido informada pelo Exército israelense sobre uma ordem para a saída de cerca de 1,1 milhão de moradores do norte de Wadi Gaza para o sul "em um prazo de 24 horas".
"Pedimos firmemente que essa ordem seja anulada, para evitar transformar o que já é uma tragédia em uma situação calamitosa", insistiu Stéphane Dujarric. "O tempo está acabando", alertou.
Consultado sobre a sugestão dos Estados Unidos de criar "zonas seguras" em Gaza, o porta-voz declarou: "Logicamente, estamos tentando ver o que podemos fazer para manter seguros os moradores de Gaza e criar áreas para a ajuda humanitária e os civis. Não queremos uma situação na qual as populações deslocadas sejam obrigadas a fugir. As pessoas deveriam poder ficar seguras em seus lares."
Quando a Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA) anunciou a transferência de suas operações para o sul da Faixa de Gaza, informou que nem todo o seu pessoal havia se deslocado para lá. "Alguns pediram para ficar no norte. Tomam suas próprias decisões", ressaltou.
"Temos 13.000 membros do pessoal da UNRWA em Gaza, trabalhadores da linha de frente, professores, médicos, enfermeiras e pessoas que dão apoio psicológico. Ficam onde seu apoio é necessário", prosseguiu. "A prioridade do secretário-geral é garantir que Israel permita a entrada de ajuda humanitária" para Gaza, acrescentou Dujarric.
O enclave está sitiado pela guerra desencadeada em 7 de outubro por um ataque sem precedentes do movimento islamita palestino Hamas a Israel.
"Há seis dias, não entra nada. Um dos meus colegas da UNRWA me disse por telefone que não viu chegar nenhuma gota d'água. Estamos quase no limite", informou o porta-voz, ressaltando que a ONU está em contato com israelenses e egípcios para tentar fazer a ajuda chegar ao enclave.