"Companheiros, hoje suspendemos a greve [...] já que, no dia de hoje, na Assembleia Nacional, chegamos a um acordo entre as partes", anunciou Julio Blanco, porta-voz dos grevistas, em vídeo difundido à imprensa após seu encontro com representantes da petrolífera estatal e uma comissão do Parlamento.
Blanco e seus três companheiros começaram a greve de fome em 25 de setembro, junto com outros cinco ex-funcionários que abandonaram o movimento com o passar dos dias. Foi a segunda medida desse tipo realizada no mesmo mês.
Os aposentados reivindicam os dividendos de um fundo de pensão ao qual destinaram 3% de seus rendimentos mensais durante décadas, e aos quais não tiveram acesso em meio ao colapso da companhia, afundada em diversos casos de corrupção.
Mais de 37.000 pensionistas da Petróleos de Venezuela estão nesta situação e, segundo explicam, cada um deveria receber 660 dólares (cerca de 3.300 reais) por mês derivados dos juros do fundo de pensão para o qual contribuíram, mas só recebem 180 (R$ 910).
Com base em suas denúncias, a petrolífera tem uma dívida com eles que chega a 2,7 bilhões de dólares (R$ 13,6 bilhões), mais 1,76 bilhão (R$ 8,9 bilhões) em conceito de juros.
Em cidades como Maracaibo, no estado de Zulia (noroeste), berço da indústria petrolífera, ex-funcionários se reuniram nas sedes administrativas da PDVSA em "solidariedade" com seus companheiros em greve de fome.
"Embora eu não esteja de acordo com a greve de fome por seu risco para a vida, apoiamos os companheiros porque é uma luta de muitos anos de nós, os aposentados", disse à AFP Douglas Pereira, um dos manifestantes em Maracaibo.
Em 18 de outubro está previsto um novo encontro entre os funcionários aposentados e representantes da PDVSA no Parlamento para abordar vias de pagamento da dívida, assistência médica e outros benefícios como a entrega de cestas de alimentos.
A Assembleia Nacional, mediante a comissão de assuntos sociais, vai atuar como "mediadora" entre os aposentados e a PDVSA, ressaltou Pereira.
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