O grupo de brasileiros que está na Faixa de Gaza deve chegar neste sábado ao Egito, de onde vai embarcar de volta ao Brasil. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, anunciou, nesta sexta-feira, que o país africano concordou em abrir um corredor humanitário para receber as 22 pessoas. Conforme o chanceler, elas vão cruzar a fronteira, de ônibus, pela direção sul. Um avião VC-2, enviado pela Presidência da República, aguarda em Roma a autorização para ir buscar o grupo no território egípcio.
Leia Mais
Guerra: Quarto voo com brasileiros decola de Israel rumo ao Rio de Janeiro'Eu vi a barbárie, vi crianças mortas e casas queimadas': os brasileiros convocados pelo Exército de IsraelGuerra Israel-Hamas: 3º avião com repatriados brasileiros chega ao Recife'Fiz feijoada, mas não sei se teremos café da manhã', diz brasileira em kibutz perto de GazaPelo menos 2.215 mortos, incluindo 724 crianças, em Gaza desde início da guerraGuerra Israel/Hamas: 400 mil moradores deixam Gaza, segundo a ONUApós pressão internacional por um corredor humanitário, o Egito concordou em abrir, neste sábado, a fronteira com Rafah, por onde deve passar um comboio internacional. Além de brasileiros, há repatriados de diversas nacionalidades.
O Brasil resgatou, até agora, mais de 700 brasileiros que estavam em Israel. A operação de repatriação organizada pelo governo é a maior e mais bem-sucedida do país no contexto de guerra.
A reunião do Conselho de Segurança da ONU, comandada por Vieira, que terminou sem acordo para a aprovação de uma resolução a respeito da guerra. O objetivo do encontro foi debater a crise humanitária na região e tentar viabilizar a abertura de mais corredores para a passagem, não só de pessoas como de medicamentos, água e alimentos.
A falta de consenso não causa surpresa, já que países com posturas antagônicas integram o conselho, como Estados Unidos, Rússia e Emirados Árabes Unidos. Apesar de não terem chegado a um acordo, segundo o Itamaraty, as negociações vão continuar, de modo informal, para analisar as propostas apresentadas na reunião. "É uma negociação diplomática envolvendo a situação de uma guerra, então, não sei quanto tempo será necessário para acomodar as posições", explicou o chanceler.
O encontro foi convocado pelo Brasil, que ocupa a cadeira rotativa da presidência do Conselho neste mês. Inicialmente, a reunião estava marcada para a próxima semana, mas acabou sendo antecipada por cauda da escalada do conflito.
"O Brasil vai continuar trabalhando por uma posição única, com abertura de avenidas possíveis de negociação. O objetivo principal é o estabelecimento de corredores humanitários para acesso a Gaza", enfatizou Vieira.
Nesta sexta-feira, o ministro conversou com o chanceler de Israel, Eli Cohen, e com o da Arábia Saudita, Faisal bin Farhan Al Saud, para articular formas de conter o agravamento da crise humanitária. Eles também debateram a situação dos reféns mantidos pelo Hamas.
Congresso
No Brasil, a oposição tem cobrado uma postura mais dura do governo em relação ao Hamas. O Executivo federal não classifica o grupo como terrorista — seguindo orientações da ONU. Mas essa postura do país está sendo usada como munição para ataques ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao PT.
A presidente da sigla, Gleisi Hoffmann (PT), publicou, nesta sexta-feira, um esclarecimento sobre o posicionamento adotado pela legenda e lamentou a "quantidade de mentiras que a extrema direita vem espalhando desde o início desta guerra na Faixa de Gaza".
O debate provocou a convocação de Mauro Vieira pela Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado. O chanceler confirmou presença na sessão, quarta-feira. ( Colaborou Luana Patriolino )