No início da década de 1980, refugiados de diferentes países latino-americanos, muitos deles fugindo dos regimes ditatoriais existentes em suas terras de origem, reuniram-se em diferentes partes de Londres. Mas ansiavam por um espaço comum.
E esse lugar, a Casa Latino-Americana, tornou-se realidade em outubro de 1983, após uma ajuda financeira para a compra de um imóvel por parte das autoridades britânicas. A Casa Latino-Americana nasceu, assim, em Kilburn, um bairro multicultural no noroeste de Londres.
María Victoria Cristancho, colombiana e atual coordenadora cultural do centro, quer resgatar a história dos primórdios da "Casa Latina".
"Queremos fazer um documentário e um livro que conte bem essa história, porque está muito fragmentada", explica Cristancho, uma das promotoras dos atos pelo 40º aniversário do centro.
Pela casa, passaram escritores e artistas de vários países latino-americanos - em quase todos os casos, forçados ao exílio. Depois vieram, sobretudo a partir do ano 2000, os emigrantes por razões econômicas.
A Casa Latino-Americana é, hoje, um centro de diversas atividades culturais e sociais, com oficinas artísticas e assessoria jurídica, além de aulas de espanhol, nos diferentes espaços dos três andares do edifício. Subsiste, ao longo dos anos, com ajuda oficial de organizações e empresas britânicas, ou com recursos próprios do aluguel de salas.
O edifício se tornou um lugar emblemático da cultura latino-americana em Londres, de uma comunidade que, segundo registros oficiais, contava com 300.000 pessoas em 2022 no Reino Unido.
Um número enganoso, segundo Cristancho.
"Já tem muita gente com passaporte britânico. Uma grande massa de latinos chegou em 2008, 2009 e 2010, de outros lugares da Europa, com passaportes da Espanha, ou da Itália, depois das crises nesses países", explica.
"Em nome dos londrinos, obrigado pelo trabalho que realizaram", escreveu o prefeito na parte final de sua carta de felicitações pelo aniversário.