O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pressionado internacionalmente para evitar uma catástrofe humanitária, não deu sinais de afrouxar sua determinação de destruir o Hamas, que governa o enclave desde 2007.
"Estão prontos para o que está por vir? Isso vai continuar", proclamou o premiê ultraconservador durante uma visita aos soldados posicionados em frente ao enclave, no oitavo dia de uma guerra que já deixou milhares de mortos em ambos os lados.
O Exército israelense anunciou a morte de dois líderes militares do Hamas: Murad Abu Murad, "responsável por uma grande parte da ofensiva mortal" contra Israel; e um "comandante da unidade 'Nukhba'" ("elite", na tradução do árabe), "que dirigiu o ataque contra as localidades israelenses perto da Faixa de Gaza".
O Hamas, por sua vez, lançou neste sábado uma série de foguetes de Gaza contra o território israelense.
O Exército israelense, que na sexta-feira também realizou incursões terrestres no território palestino, disse neste sábado que está se preparando para "outras operações de combate importantes".
Segundo o Exército, pelo menos 1.300 israelenses, principalmente civis, morreram desde o ataque do Hamas.
Na Faixa de Gaza, o número de vítimas mortais da resposta israelense chega a 2.215, incluindo 724 crianças, de acordo com as autoridades locais.
O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, acusou Israel de cometer "crimes de guerra".
Segundo o Hamas, uma organização classificada como terrorista pelos Estados Unidos, União Europeia e Israel, 26 reféns dos cerca de 120 capturados em sua incursão de 7 de outubro morreram devido aos bombardeios israelenses, nove deles nas últimas 24 horas.
O conselheiro de segurança do governo israelense admitiu que os serviços de inteligência cometeram "erros" que impediram que previssem o ataque islamista, o mais mortal sofrido pelo Estado hebreu desde sua criação em 1948.
- Sem demora -
Israel, que acusa o Hamas de usar civis como escudos humanos, instou na sexta-feira os cerca de 1,1 milhão de habitantes do norte da Faixa e Gaza a deixar a área.
Milhares de habitantes fugiram do norte de Gaza - em reboques, burros, carroças, motocicletas, de carro, ou a pé -, abrindo caminho entre os escombros e edifícios destruídos.
Neste sábado, Israel reiterou seu aviso de que todos devem partir "sem demora", em uma "janela de 10h às 16h" em direção ao sul do enclave, contra o qual decretou na semana passada um "cerco total", cortando todo abastecimento de água, eletricidade ou alimentos.
Haniyeh instou os palestinos a rejeitar a intimação israelense.
A Faixa de Gaza, com 362 km² e cerca de 2,4 milhões de habitantes, está situada entre Israel, Egito e o Mar Mediterrâneo e está sujeita a um bloqueio de Israel desde 2006. O posto de Rafah, única saída pelo Egito, está fechado.
- Pressões para evitar catástrofe humanitária -
O ataque do Hamas e a guerra que desencadeou alimentaram temores de que o conflito se expanda e de que ocorra uma catástrofe humanitária em Gaza.
"Até as guerras têm regras", lembrou na sexta-feira o secretário-geral da ONU, António Guterres, fazendo um apelo pelo "acesso humanitário imediato" a Gaza.
"O sistema de saúde está à beira do desastre", e "os necrotérios estão lotados", alertou.
O presidente americano, Joe Biden, também denunciou "a crise humanitária" em Gaza, ao mesmo tempo em que reiterou seu compromisso de entregar a Israel "o que for necessário para se defender e responder a estes ataques".
O presidente em exercício do governo espanhol, Pedro Sánchez, enfatizou neste sábado que o direito internacional "não respalda" a evacuação de Gaza pedida por Israel antes de lançar uma ofensiva terrestre.
A Arábia Saudita, um peso-pesado no Oriente Médio, anunciou, por sua vez, neste sábado, que suspendia as discussões sobre uma eventual normalização de suas relações com Israel.
A União Europeia anunciou que triplicará sua ajuda humanitária a Gaza, chegando a 75 milhões de euros (quase R$ 400 milhões).
- Tensões com o Líbano e na Cisjordânia -
No plano regional, dois civis morreram neste sábado em um bombardeio israelense contra a aldeia libanesa de Shebaa (sul), informou o prefeito da localidade.
Nos últimos dias, houve vários duelos de artilharia entre Israel e o grupo libanês Hezbollah, aliado do Hamas.
Na sexta-feira, um jornalista da Reuters morreu e outros seis - dois da AFP, dois da Reuters e dois da Al Jazeera - ficaram feridos em um bombardeio nessa área, atribuído pelas autoridades libanesas a Israel.
Na Cisjordânia, ocupada por Israel desde 1967, pelo menos 16 palestinos morreram em confrontos com as forças israelenses durante manifestações de solidariedade com Gaza.