Moran, 40, tinha montado um estande em um festival de música para vender suas joias. Estava entusiasmada com a oportunidade de divulgar seu trabalho. Foi surpreendida pelo ataque na manhã daquele sábado (7).
Naquele momento, Lion, 46, conseguiu falar com a irmã. Ela explicou que estava fugindo. Às 8h30 do horário local, Moran falou com a mãe pela última vez. Avisou que a bateria estava acabando. Depois, silêncio.
Familiares e amigos de Moran criaram uma força-tarefa para encontrá-la. Depararam-se com o vídeo dela agachada no meio do mato, cercada por militantes. As palmas estão unidas em um gesto universal de clemência (assista abaixo).Desde então, Lion apela por qualquer informação sobre o paradeiro da irmã, que parece ser refém do Hamas. Moran pode estar dentro da Faixa de Gaza -o território que Israel vem bombardeando nestes últimos dias.
Os ataques do Hamas deixaram mais de 1.200 mortos em Israel. Já os bombardeios israelenses vitimaram ao menos 2.200 em Gaza. A situação se agrava com a perspectiva de uma invasão terrestre a qualquer instante.
Em alguns momentos da conversa com a Folha, Lion se refere à irmã no tempo passado. Depois -com esperança- se corrige.
Abaixo, seu relato.
**Moran vivia em Beersheva, no sul de Israel. Não é tão perto assim de Gaza. Ela é uma jovem designer de joias. Tinha acabado de começar a vender seus produtos e montou um estande dentro do festival de música.
Ela tinha 40 anos. Era jovem, no seu coração. Com boas energias, ajudava as pessoas, os animais. É uma boa pessoa, com muitos amigos que a amam.
Na manhã de sábado (7), quando os ataques começaram, liguei para Moran. Ela disse que estava fugindo. Sua última chamada foi para a nossa mãe, por volta das 8h30 da manhã. Depois, nós ficamos tentando descobrir o que tinha acontecido. Telefonamos para pessoas que estavam no local.
Descobrimos que ela estava com amigos e que, na fuga, foram emboscados algumas vezes. Tiveram que se separar no meio do caminho em algum lugar perto do festival. É o último ponto em que sabemos que esteve. Nós começamos, então, a recolher mais informações na internet.
Muitos familiares e amigos vasculharam as redes sociais. Um amigo, por fim, encontrou o vídeo e encaminhou para a gente. Mostra a Moran capturada. É isso, é a última informação. Já faz uma semana desde isso.
A gente está fazendo tudo o que pode. Entramos em contato com as autoridades israelenses. Eles foram bastante solícitos, mas não deram muitas informações. Recebemos também algum auxílio psicológico dos serviços sociais. Disponibilizaram uma pessoa para falar com a gente.
Meus pais estão devastados. Os familiares e amigos estão devastados.
Agora, estamos tentando espalhar essa história o máximo que pudermos para conseguir alguma atenção internacional. Queremos que as pessoas entendam que essa é uma questão global. Não é só nossa, tem a ver com todo o mundo. Pedimos que os líderes internacionais nos deem apoio.
Há dezenas de pessoas passando pela mesma coisa aqui, com seus entes amados mantidos reféns, sem saber o que está acontecendo. Estavam em um festival de música pacífico e foram atacados de maneira bruta.
Não tenho energia para falar de política... Não sou uma pessoa política. Todas as minhas forças estão concentradas em trazer a Moran de volta.**