O julgamento foi aberto com a acusação do promotor. "(Toledo) pediu 35 milhões de dólares (quase R$ 180 milhões na cotação atual) em troca de que a Odebrecht vencesse a concessão" da obra para construir uma rodovia entre o Peru e o Brasil, disse o promotor do caso, José Domingo Pérez.
"Vamos provar que Toledo direcionou o processo de concessão da rodovia Interoceânica Sul (a favor da Odebrecht)", acrescentou na audiência transmitida pela televisão do canal do Poder Judiciário.
Toledo, de 77 anos, participou por videoconferência da pequena prisão para ex-presidentes onde está detido no leste de Lima, após ser extraditado pelos Estados Unidos em 23 de abril.
O ex-mandatário interviu apenas para confirmar seus dados pessoais ante a juíza Inés Rojas. Estava acompanhado de seu advogado e usava óculos e camisa clara.
A promotoria pediu 20 anos e 6 meses de prisão e que seja impedido por nove anos de exercer cargos públicos pelos supostos crimes de colusão e lavagem de ativos em detrimento do Estado.
Toledo (2001-2006) nega as acusações desde 2016, quando a construtora brasileira revelou perante a Justiça dos Estados Unidos um esquema de corrupção em nível regional para vencer licitações públicas.
Desde abril, cumpre 18 meses de prisão preventiva no presídio de Barbadillo, uma pequena cadeia dentro de uma base policial onde também estão os ex-presidentes Alberto Fujimori (1990-2000) e Pedro Castillo (2021-2022).
O acordo para construir a estrada remonta ao primeiro semestre de 2004. As obras da rodovia interoceânica fazem parte de um grande eixo viário de 2.600 quilômetros para integrar esses países do Atlântico ao Pacífico.
O ex-chefe da Odebrecht no Peru, Jorge Simões Barata, confirmou à promotoria peruana o pagamento dos subornos em troca de não ser envolvido no processo. Barata vive no Brasil.
A trama de corrupção da Odebrecht atingiu quatro ex-presidentes do Peru. Além de Toledo, a promotoria investigou Alan García (2006-2011), que se suicidou em 2019 antes de ser preso, Ollanta Humala (2011-2016) e Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018).
De todos eles, o único que até agora havia sido julgado era Humala, cujo processo deve ser concluído este ano.