O secretário de Estado americano, Antony Blinken, que está na região, anunciou nesta terça-feira (17) a visita de Biden, para "reafirmar a solidariedade dos Estados Unidos com Israel e nosso compromisso ferrenho com sua segurança".
O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, disse que Biden também viajará para a Jordânia, onde se reunirá com o rei Abdullah II, o líder palestino Mahmud Abbas e com o presidente egípcio, Abdel Fatah al-Sissi.
A visita do presidente americano será crucial para os esforços diplomáticos que tentam aliviar a situação agonizante da população na Faixa de Gaza, bombardeada sem trégua por Israel como represália, onde morreram pelo menos 2.750 pessoas.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometeu "aniquilar" o movimento islamita palestino, que controla o enclave desde 2007.
- Alimentos para quatro ou cinco dias -
Organismos internacionais alertam que os moradores de Gaza estão ficando sem água, alimentos e combustíveis.
Os estabelecimentos comerciais da Faixa de Gaza têm comida para mais quatro ou cinco dias apenas, alertou nesta terça-feira o Programa Mundial de Alimentos (PMA).
"Restam 24 horas de água, energia elétrica e combustíveis em Gaza", afirmou na segunda-feira (16) o diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o Mediterrâneo Oriental, Ahmed Al Mandhari.
Os bombardeios israelenses, somados à ordem de evacuação do norte da Faixa Gaza, provocaram o deslocamento de mais de um milhão de palestinos para o sul do território desde o início do conflito, segundo a Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês).
Centenas de milhares de civis estão nas proximidades da fronteira com o Egito.
A passagem de fronteira de Rafah, a única que não é controlada por Israel - que mantém o território palestino sob bloqueio desde 2006 -, permanece fechada, no entanto.
Comboios de ajuda humanitária partiram nesta terça-feira de Al Arish, norte do Sinai egípcio, rumo à passagem de Rafah.
Após novos bombardeios israelenses, correspondentes da AFP no campo de refugiados de Rafah e na cidade vizinha de Khan Yunis (sul) observaram corpos em sacos plásticos, armazenados em um caminhão de sorvete.
"A situação é mais catastrófica do que eu poderia imaginar", disse Jamil Abdullah, um palestino-sueco que dormiu na rua.
"Há corpos nas ruas, edifícios caem sobre os moradores. Há sangue por todos os lados. O cheiro da morte está em toda parte", relata.
Em Israel, onde dezenas de milhares de soldados e reservistas se concentram ao redor da Faixa de Gaza e na fronteira norte com o Líbano, quase 500.000 pessoas foram deslocadas para o interior do país desde o ataque de 7 de outubro.
Mais de 1.400 pessoas morreram em território israelense desde o início da guerra. A maioria são civis que foram assassinados no dia do ataque, o mais violento desde a criação do Estado de Israel em 1948.
O Exército americano colocou 2.000 soldados em alerta de mobilização em resposta à escalada do conflito, informou o Pentágono nesta terça-feira.
- "À beira do abismo" -
Uma fonte militar israelense disse que não está claro se a visita de Biden mudará os planos da ofensiva terrestre na Faixa de Gaza.
"Não acredito que a visita busque impedir a incursão terrestre, e sim garantir que Israel tenha tudo de que precisa para sua defesa", afirmou.
A operação é muito complexa, porque o norte do enclave está repleto de túneis, onde o Hamas, considerado um grupo terrorista por Estados Unidos, União Europeia e Israel, esconde armas e combatentes.
No ataque de 7 de outubro, os comandos do Hamas também sequestraram 199 pessoas, entre civis e militares, que foram levados para Gaza.
O presidente Biden espera "ouvir de Israel como desenvolverá as operações de forma que minimize as baixas civis e permita a chegada da assistência humanitária aos civis em Gaza e que não beneficie o Hamas", disse Blinken sobre a visita de quarta-feira.
Para a UE, a visita do presidente americano é "absolutamente necessária" para que Israel atue "com respeito ao direito internacional", nas palavas do chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.
O Irã, grande inimigo de Israel, anunciou uma possível "ação preventiva" contra o país "nas próximas horas", caso o país execute o projeto de ofensiva terrestre em Gaza.
O guia supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, advertiu que "ninguém poderá deter as forças da resistência" a Israel, um termo que designa os aliados regionais da República Islâmica (Síria, Hamas, o Hezbollah libanês...), caso os israelenses prossigam com guerra.
A tensão também aumenta no norte de Israel, perto do Líbano, onde o Exército israelense matou nesta terça-feira quatro homens que tentavam atravessar a fronteira.
Se o conflito se espalhar para outros países, todo o Oriente Médio estará "à beira do abismo", alertou o rei Abdullah II da Jordânia.