O secretário de Estado americano, Antony Blinken, que está na região, anunciou, nesta terça-feira (17), a visita de Biden, para "reafirmar a solidariedade dos Estados Unidos com Israel e nosso compromisso ferrenho com sua segurança".
O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, disse que Biden também viajará para a Jordânia, onde se reunirá com o rei Abdullah II; o líder palestino, Mahmud Abbas, e o presidente egípcio, Abdel Fatah al-Sissi.
A visita do presidente americano será crucial para os esforços diplomáticos que tentam aliviar a situação angustiante da população na Faixa de Gaza, bombardeada sem trégua por Israel em represália ao ataque do Hamas, deixando ao menos 3.000 pessoas.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometeu "aniquilar" o movimento islamita palestino, que controla o enclave desde 2007.
E, nesta terça-feira, pediu ao mundo que se una a Israel contra o Hamas.
"Da mesma forma que o mundo se uniu para vencer os nazistas (...), o mundo deve se unir ao lado de Israel para vencer o Hamas", declarou o premiê, em uma entrevista coletiva conjunta em Tel Aviv com o chanceler alemão, Olaf Scholz, no 11º dia da guerra com o Hamas.
- Alimentos para quatro ou cinco dias -
Organismos internacionais alertam que os moradores de Gaza estão ficando sem água, alimentos e combustíveis.
Há comida para mais "quatro ou cinco dias", alertou, nesta terça-feira, o Programa Mundial de Alimentos (PMA).
"Restam 24 horas de água, energia elétrica e combustíveis em Gaza", afirmou na segunda o diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o Mediterrâneo Oriental, Ahmed Al Mandhari.
Os bombardeios israelenses, somados à ordem de evacuação do norte da Faixa Gaza, provocaram o deslocamento de mais de um milhão de palestinos para o sul do território, onde se aglomeram perto da fronteira com o Egito.
No entanto, a passagem fronteiriça de Rafah, entre Gaza e o país africano, e a única que não é controlada por Israel - que mantém o território sob bloqueio desde 2006 -, permanece fechada.
Após novos bombardeios israelenses, correspondentes da AFP no campo de refugiados de Rafah e na cidade vizinha de Khan Yunis (sul) observaram corpos em sacos plásticos, armazenados em um caminhão de sorvete.
"A situação é mais catastrófica do que eu poderia imaginar", disse Jamil Abdullah, um palestino-sueco que dormiu na rua.
"Há corpos nas ruas, edifícios caem sobre os moradores. Há sangue por todos os lados", relatou.
Hoje, o Hamas anunciou a morte de um de seus comandantes militares, Ayman Nofal, em um ataque israelense no acampamento de refugiados de Bureij, no centro da Faixa.
Em Israel, onde dezenas de milhares de soldados e reservistas se concentram ao redor da Faixa de Gaza e na fronteira norte com o Líbano, quase 500.000 pessoas foram deslocadas para o interior do país desde o ataque de 7 de outubro.
Mais de 1.400 pessoas morreram em território israelense desde o início da guerra.
O Exército americano colocou 2.000 soldados em alerta de mobilização em resposta à escalada do conflito, informou o Pentágono nesta terça-feira.
- "À beira do abismo" -
Uma fonte militar israelense disse que não está claro se a visita de Biden mudará os planos da ofensiva terrestre na Faixa de Gaza.
"Não acredito que a visita busque impedir a incursão terrestre, e sim garantir que Israel tenha tudo de que precisa para sua defesa", afirmou.
A operação é muito complexa, porque o norte do enclave está repleto de túneis, onde o Hamas esconde armas e combatentes.
No ataque de 7 de outubro, os comandos do Hamas também sequestraram 199 pessoas, entre civis e militares, que foram levados para Gaza.
Para a UE, a visita do presidente americano é "absolutamente necessária" para que Israel atue "com respeito ao direito internacional", nas palavas do chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.
O Irã, inimigo de Israel, anunciou uma possível "ação preventiva" nas "próximas horas", caso o país execute o projeto de ofensiva terrestre em Gaza.
O guia supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, advertiu que "ninguém poderá deter as forças da resistência" a Israel, um termo que designa os aliados regionais da República Islâmica (Síria, Hamas, o Hezbollah libanês...), caso os israelenses prossigam com guerra.
A tensão também aumenta no norte de Israel, perto do Líbano, onde o Exército israelense anunciou ter matado nesta terça-feira quatro homens que tentavam atravessar a fronteira.
JERUSALÉM