Jornal Estado de Minas

KIEV

Parlamento ucraniano vota proibição de igreja ortodoxa vinculada a Moscou

O Parlamento ucraniano adotou, nesta quinta-feira (19), em primeira leitura um projeto de lei que proíbe a Igreja Ortodoxa vinculada ao Patriarcado de Moscou, instituição que apoia a invasão russa da Ucrânia, indicaram deputados.



"É uma decisão histórica", escreveu no Facebook a parlamentar ucraniana Ina Sovsun. "Para vencer o agressor (...) temos que privar a Rússia de toda possibilidade de nos prejudicar", acrescentou.

Segundo outro deputado, Yaroslav Jelezniak, o projeto foi aprovado por 267 votos a favor, muito acima da maioria exigida de 226.

Os projetos de lei devem passar por duas leituras no Parlamento ucraniano antes que o presidente Volodimir Zelensky os sancione.

O texto em questão proíbe qualquer atividade de "organizações religiosas" afiliadas "ao país que pratica agressão armada contra a Ucrânia".

A Igreja Ortodoxa dependente do Patriarcado de Moscou, até recentemente a mais popular na Ucrânia, perde fiéis há anos, coincidindo com a ascensão do sentimento nacionalista ucraniano.

A tendência acelerou com a criação, em 2018, de uma igreja ortodoxa ucraniana independente de Moscou. A invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022 deu um impulso adicional a esse processo.



A Igreja Ortodoxa ucraniana, que em maio de 2022 cortou oficialmente os seus laços com a igreja russa, acusou os legisladores de violarem a Convenção Europeia dos Direitos Humanos, que garante a liberdade de culto.

"Sem dúvida, a aprovação deste projeto de lei indicará que os direitos humanos e as liberdades, pelas quais o nosso Estado também luta, estão perdendo o significado", afirmou.

A proposta de proibir a igreja ortodoxa patrocinada por Moscou dividiu a Ucrânia, onde alguns paroquianos continuam frequentando as suas igrejas.

Após a invasão russa, algumas igrejas mudaram de aliança para a igreja ortodoxa ucraniana, independente de Moscou.