Jornal Estado de Minas

WASHINGTON

Biden acusa Hamas e Rússia de quererem 'aniquilar' democracias

O grupo islamista palestino Hamas e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, querem "aniquilar" democracias, afirmou Joe Biden nesta quinta-feira (19) em um discurso no qual anunciou que pedirá ao Congresso dos Estados Unidos financiamento "urgente" para o envio de ajuda a Israel e Ucrânia.



Os Estados Unidos estarão mais seguros "por gerações" se ajudarem esses dois países em guerra, insistiu o presidente americano em uma mensagem incomum à nação direto do Salão Oval da Casa Branca.

"O Hamas e Putin representam ameaças diferentes, mas têm algo em comum: ambos querem aniquilar completamente uma democracia vizinha", acrescentou o democrata de 80 anos, que acabou de retornar de Tel Aviv, onde assegurou ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que os Estados Unidos apoiam Israel.

Por isso, ele pedirá na sexta-feira ao Congresso que financie "urgentemente" a ajuda a Israel e Ucrânia, "nossos parceiros essenciais".

"É um investimento inteligente que trará dividendos para a segurança dos Estados Unidos por gerações. Nos ajudará a manter as tropas americanas fora de perigo. Nos ajudará a construir um mundo mais seguro, mais pacífico e mais próspero para nossos filhos e netos", disse Biden.

"A liderança dos Estados Unidos é o que mantém o mundo unido. As alianças americanas são o que nos mantém seguros, a nós, Estados Unidos. Os valores americanos são o que nos tornam um aliado com o qual outras nações querem trabalhar", disse ele.

"Os Estados Unidos ainda são um farol para o mundo. Ainda. Ainda", assegurou.



Com este discurso à nação, Joe Biden, candidato à reeleição, quer convencer seus rivais republicanos, mas também o eleitorado, cansado da guerra na Ucrânia, sobre a necessidade de um pacote de ajuda para Kiev e Israel.

- "Política mesquinha" -

Ao vincular a defesa de Israel com a da Ucrânia, ele espera obter o consenso que até agora lhe faltou no Congresso para financiar ajuda militar adicional a Kiev.

Também é uma oportunidade para se distinguir de um Partido Republicano que está em tumulto desde que alguns congressistas republicanos próximos ao ex-presidente Donald Trump provocaram a destituição do presidente da Câmara baixa, sem até agora conseguir impor um sucessor.

Assim, a instituição está imersa em uma crise, incapaz por enquanto de aprovar um projeto de lei.

"Não podemos permitir que a política mesquinha e partidária e a raiva se interponham em nossa responsabilidade como uma grande nação. Não podemos e não vamos permitir que terroristas como o Hamas e tiranos como Putin vençam. Eu me recuso a permitir que isso aconteça", disse Biden, convencido de que seu país continua sendo o guardião da liberdade.



- "Um farol" para o mundo -

"Pôr tudo isso em risco, se nos afastarmos da Ucrânia, se virarmos as costas para Israel, simplesmente não vale a pena", insistiu Biden.

Segundo uma fonte próxima às negociações, a Casa Branca quer pedir ao Congresso US$ 100 bilhões (R$ 500 bilhões) para Ucrânia, Israel, Taiwan e a crise migratória na fronteira com o México.

Algumas horas antes de seu discurso, o presidente americano conversou com seu contraparte ucraniano, Volodimir Zelensky, que agradeceu pelo "apoio vital" dos Estados Unidos.

Os republicanos têm dúvidas sobre a conveniência de aumentar a ajuda militar à Ucrânia, mas são os primeiros a exigir um apoio maciço a Israel e mais firmeza em relação à imigração e à China.

Joe Biden, cujo país já gastou dezenas de bilhões na Ucrânia, precisa superar não apenas a fadiga de alguns congressistas, mas também a do público americano diante de uma guerra que se prolonga.

Biden, que poderá enfrentar novamente Trump nas eleições presidenciais de novembro de 2024, sabe que o tempo está se esgotando: se o Congresso não aprovar um orçamento anual, os Estados Unidos entrarão em paralisação orçamentária em 17 de novembro.