As profundas divisões raciais do país foram expostas em 14 de outubro, quando 61% dos eleitores votaram "Não" em um referendo vinculante para reconhecer na Constituição os povos originários do país.
Muitos líderes indígenas adotaram uma "semana de silêncio" para absorver o que consideraram uma rejeição esmagadora por parte da maioria branca da Austrália.
Em uma carta aberta ao governo, eles criticam o que chamam de atitude "mesquinha" de milhões de australianos.
"Não aceitamos nem por um momento que este país não é nosso", afirmam na carta.
"A verdade é que a maioria dos australianos cometeu um ato vergonhoso, de modo consciente ou não, e não há nada positivo a ser interpretado", acrescenta o texto.
As reformas propostas criariam um órgão consultivo, chamado de "Voz" no parlamento, para avaliar as leis que afetam as comunidades aborígenes e combater a profunda desigualdade social e econômica.
A carta foi baseada nas opiniões de líderes indígenas, membros da comunidade e organizações que apoiaram o "Sim" no referendo.
Sean Gordon, ativista indígena que fez campanha pelo "Sim", afirmou que a carta foi publicada sem assinaturas para que os aborígenes de todo o país se identificassem com o texto.
Os responsáveis pela carta também revelaram planos para criar sua própria "Voz" para "abordar as causas das injustiças" contra sua comunidade.
O primeiro-ministro de centro-esquerda Anthony Albanese apresentou o referendo como uma forma de unir o país e resolver injustiças históricas.
Mas o projeto deixou evidente as divisões raciais que persistem na Austrália, mais de dois séculos após a colonização britânica.
Albanese prometeu que o governo continuará com o trabalho para reconhecer a população aborígene, mas não revelou suas opções.
Celebrados como uma das culturas mais antigas do mundo, os aborígenes australianos têm maior probabilidade de morrer jovens, viver na pobreza e acabar na prisão do que outros australianos.
SYDNEY