Os chefes da diplomacia armênia, azerbaijana, russa, turca e iraniana se reuniram em Teerã para tentar reduzir as tensões entre Baku e Ierevan, sem a participação dos países ocidentais.
A reunião coincidiu com o início dos exercícios militares do Azerbaijão com a Turquia, perto da fronteira com a Armênia.
"Os problemas da região não podem ser resolvidos com a intervenção de forças estrangeiras", disse o presidente iraniano, Ebrahim Raisi, segundo o site da Presidência.
O ministro iraniano das Relações Exteriores, Hossein Amir Abdollahian, também manifestou que "a presença de estrangeiros na região não só não resolve os problemas, como complica a situação".
Após a reunião, seu contraparte russo, Sergei Lavrov, denunciou "as tentativas, primeiro por parte da União Europeia, e em certa medida por parte dos Estados Unidos, de interferir no processo de delimitação" da fronteira entre a Armênia e o Azerbaijão.
Em uma declaração conjunta final, os participantes do encontro ressaltaram "a importância da solução pacífica das diferenças, o respeito à soberania, à independência política, à integridade territorial (...) e à não ingerência nos assuntos internos".
- Manobras militares -
O Ministério da Defesa do Azerbaijão anunciou, nesta segunda, que as manobras ocorrem em Baku, a capital, no enclave azerbaijano de Nakhchivan, que faz fronteira com Armênia, Turquia e Irã, assim como em "territórios libertados".
O ministério não especificou onde neste último caso, embora a fórmula possa designar o próprio Nagorno-Karabakh ou áreas vizinhas.
O objetivo é "melhorar o comando militar" e "garantir a interoperabilidade no combate" entre os dois países aliados, Azerbaijão e Turquia.
Em setembro, o Azerbaijão alcançou uma vitória militar impressionante em apenas 24 horas contra os separatistas armênios de Nagorno-Karabakh.
Desde então, esta região montanhosa do Cáucaso foi esvaziada de grande parte da sua população, com a saída de mais de 100 mil dos 120 mil armênios oficialmente registrados.
Antes dessa vitória, Azerbaijão e Armênia travaram duas guerras pelo controle deste enclave montanhoso, uma entre o final da década de 1980 e o início da década de 1990, quando a União Soviética se desintegrou, e a outra no final de 2020, vencida pelo Azerbaijão.
Agora, Ierevan teme que seu vizinho, mais forte economicamente, mais bem armado e apoiado pela Turquia, queira continuar avançando.
Concretamente, a Armênia teme que o Azerbaijão ataque o sul do seu território, conseguindo, assim, uma continuidade territorial com o enclave de Nakhchivan.
Atualmente, há vários fóruns de diálogo entre a Armênia e o Azerbaijão, mas nenhum resultou em um acordo entre os dois países.