Este advogado de 51 anos e grande defensor dos valores "tradicionais", que apoiou as tentativas judiciais de alterar os resultados das eleições presidenciais de 2020 em favor de Trump, recebeu 220 votos.
Sua eleição foi recebida com aplausos e uma grande aclamação de pé pelos membros de seu partido, visivelmente aliviados pelo vislumbre de uma saída para a crise.
Após a votação, Johnson enviou "uma mensagem ao resto do mundo", que "acompanhou este psicodrama" durante semanas: "a adversidade te deixa mais forte".
E para seu país: "acredito que todo o povo americano, em algum momento, esteve muito orgulhoso desta instituição, mas agora, isto está em perigo. E temos um desafio diante de nós agora mesmo para reconstruir e restaurar essa confiança", disse.
O novo presidente da Câmara, de confissão evangélica, tem tarefas difíceis pela frente.
O inquilino da Casa Branca, Joe Biden, o lembrou disso, pedindo-lhe para votar "rapidamente" os recursos de ajuda para Ucrânia e Israel, respectivamente em guerra contra a Rússia e o movimento islamista palestino Hamas, e para trabalhar para evitar um "shutdown", ou seja, a paralisação dos serviços federais, que poderia ocorrer em meados de novembro se um orçamento não for aprovado.
Apesar de ter que lidar com colegas muito divididos para atender à solicitação de fundos feita por Biden, Johnson cumpriu a promessa que fez, assim que foi eleito, de priorizar "nosso querido, querido amigo Israel".
Em seu primeiro ato após a eleição do novo presidente da Câmara, os congressistas aprovaram a resolução intitulada "Apoiando Israel em sua defesa contra a bárbara guerra desatada pelo Hamas e outros terroristas", com apoio quase unânime dos republicanos e da maioria dos democratas.
A eleição de Johnson é o último capítulo de uma novela política que expôs as lutas internas entre republicanos moderados e trumpistas.
De fato, ele é o quarto nomeado pelo partido em 21 dias para substituir Kevin McCarthy, destituído em uma votação histórica por um grupo de trumpistas.
A frustração dos republicanos, ansiosos por encerrar uma crise que envergonhava a muitos deles, jogou a seu favor.
- Ascensão dos trumpistas -
Johnson contou com o apoio do líder da maioria republicana na Câmara dos Representantes, Steve Scalise, e do presidente do Comitê Judicial, Jim Jordan, que tentaram em vão conquistar o cargo antes dele.
E, acima de tudo, com o apoio de Trump. "Não ouvi um único comentário negativo sobre ele. Todo mundo gosta dele, é respeitado por todos... Alguém que será verdadeiramente espetacular e talvez por muitos anos", disse o ex-presidente sobre Johnson antes da votação.
Ele também teve o respaldo de Matt Gaetz, o trumpista que promoveu a queda de McCarthy.
Gaetz considerou a mudança de McCarthy para Johnson como "um sinal" da ascensão dos trumpistas dentro do partido.
Entre os democratas, Chuck Schumer disse que espera se reunir "em breve" com novo "speaker" para ver de que forma é possível evitar uma paralisação dos serviços federais em novembro. Já a congressista da ala mais à esquerda do partido, Cori Bush, protestou contra a eleição de um líder da Câmara que classificou de "anti-LGBTQIA+, antiaborto e antidemocracia".
Johnson ingressou na Câmara dos Representantes em 2017 após causar polêmica com uma legislação considerada hostil à comunidade LGBTQIA+ na Louisiana.
No ano passado, esse pai de quatro filhos votou contra a codificação das proteções federais ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Ademais, liderou mais de 100 republicanos que assinaram um parecer jurídico em apoio a uma ação para anular os resultados das eleições de 2020 em quatro estados onde o presidente democrata Joe Biden venceu.
WASHINGTON