Em uma mensagem de apenas dois minutos, Cortizo afirmou que solicitará ao Tribunal Eleitoral a convocação da consulta para 17 de dezembro e ao Congresso uma lei que proíba "a mineração metálica a nível nacional".
"Através da participação cidadã, por meio do voto, poderemos legitimar a vontade do povo, cujo resultado será de cumprimento obrigatório. O povo é o soberano", afirmou.
Poucos minutos depois, no entanto, os líderes dos protestos afirmaram que o presidente tenta dividir e confundir o movimento.
"Basta de brincadeiras. As ações prosseguem nas ruas. A lei deve ser revogada. Este é o mandato do povo. Não há nenhuma manobra que engane o povo nesta luta", afirmou o líder do poderoso sindicato dos trabalhadores do setor da construção civil, Saul Méndez.
O movimento jovem Sal das Redes convocou uma manifestação para segunda-feira diante do Congresso. "A consulta está nas ruas. O povo já falou", publicou o grupo no Instagram.
Cortizo divulgou a mensagem após uma grande manifestação na capital do país, onde dezenas de milhares de pessoas exigiram a revogação do contrato que permite à empresa canadense First Quantum Minerals (FQM) operar r a maior mina de cobre a céu aberto da América Central, no Caribe panamenho.
A multidão protestou por várias horas na Avenida Balboa, com bandeiras e frases contra o governo e a empresa canadense.
A irritação da população começou em 20 de outubro, quando o Congresso aprovou uma lei que permite à empresa FQM administrar por 40 anos a mina a céu aberto. Cortizo promulgou texto no mesmo dia.
Milhares de panamenhos aderiram aos protestos, com bloqueio de estradas na capital e em diversas províncias do país, além de greves de professores, médicos, operários, motoristas e outras categorias profissionais. As aulas foram suspensas durante toda a semana.
Para tentar reduzir as manifestações, Cortizo proibiu novas concessões no setor de mineração de metais com um decreto executivo na sexta-feira, mas decidiu manter o contrato com a empresa canadense, o que irritou ainda mais a população.
Os manifestantes exigem uma moratória sobre a mineração por lei, não por decreto do governo. Os bloqueios das estradas provocaram escassez de vários produtos.