Jornal Estado de Minas

NAÇÕES UNIDAS

Sistema de ajuda para Gaza está 'condenado ao fracasso', alerta ONU

O atual sistema de ajuda à Faixa de Gaza pela passagem fronteiriça de Rafah está "condenado ao fracasso", advertiu, nesta segunda-feira (30), o diretor da agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA), denunciando o "castigo coletivo" imposto por Israel.



"Sejamos claros: o punhado de comboios autorizados através de Rafah não é nada comparado às necessidades de mais de dois milhões de pessoas presas em Gaza", disse Philippe Lazzarini, pedindo ajuda aos membros do Conselho de Segurança e exigindo um "cessar-fogo humanitário imediato".

Lazzarini lembrou que deve haver, por parte de Israel, mas sem citá-lo, um "estrito respeito ao direito internacional", disse ao Conselho de Segurança, que tem sido incapaz de adotar uma resolução de condenação do conflito e exigir um cessar-fogo humanitário, devido ao veto americano.

"Não é uma opção, é uma obrigação", afirmou.

Da mesma forma, instou um fluxo de ajuda humanitária de forma "segura substancial e contínua", inclusive o combustível, que Israel impede porque pode servir ao Hamas.

"Os atentados horríveis executados pelo Hamas em 7 de outubro em Israel foram chocantes. Os bombardeios incessantes das forças israelenses contra a Faixa de Gaza são chocantes", disse ao Conselho de Segurança, que convocou uma reunião de emergência para analisar a situação de mais de dois milhões de habitantes de Gaza, que estão sendo "desumanizados".



"Não há lugar seguro em Gaza", repetiu. Mais de 670.000 deslocados estão refugiados em escolas e prédios da UNWRA, vivendo em condições "angustiantes e insalubres", com alimentos e água limitados, dormindo no chão com sem colchonete ou ao ar livre.

"A fome e o desespero estão se tornando revolta contra a comunidade internacional" e esta é representada pela UNWRA, lembrou.

Segundo a ONG Save the Children, 3.200 menores morreram em bombardeios israelenses em Gaza em três semanas, lembrou, antes de alertar que 70% dos mortos na Faixa de Gaza são menores e mulheres.

"Não pode ser um dano colateral", denunciou, antes de alertar que "outra crise está se desenrolando na Cisjordânia, incluindo Jerusalém oriental", onde 115 palestinos morreram, entre os quais 33 crianças, desde 7 de outubro.

Após lembrar que "perdeu 64 colegas em três semanas" - o último, Samir, morreu nesta segunda com sua esposa e oito filhos - as "atrocidades não absolvem o Estado de Israel de suas obrigações sob o direito internacional", advertiu.