"Um cessar-fogo humanitário pode pelo menos parar esta espiral de morte e espero que superem as suas divisões e exerçam a sua autoridade fazendo este apelo. O mundo espera que o façam", disse Grandi ao Conselho de Segurança da ONU, que até agora não conseguiu aprovar nenhuma das quatro resoluções apresentadas em menos de duas semanas.
"O desprezo pelas regras básicas da guerra - o direito humanitário internacional - está se tornando cada vez mais a norma e não a exceção", denunciou.
Grandi se referiu tanto aos "ataques" contra civis israelenses quanto ao "massacre de civis palestinos e à destruição maciça de infraestruturas, causados pela atual operação militar israelense".
Desde os ataques sem precedentes de 7 de outubro, lançados pelo movimento islamista palestino Hamas em Israel, que provocaram mais de 1.400 mortes, a resposta militar israelense na Faixa de Gaza deixou mais de 8.500 mortos, muitos deles crianças, segundo as autoridades sanitárias do território.
"Devemos esperar que o cessar-fogo se torne o primeiro passo (...) para uma solução", disse, depois de condenar que a solução para o conflito israelense-palestino tenha sido "repetida e deliberadamente negligenciada".
"Considerou-se mais conveniente enfrentar a escalada crônica de violência, seguida de um cessar-fogo temporário, do que se concentrar em uma paz real; uma paz capaz de proporcionar aos israelenses e aos palestinos os direitos, a segurança e a condição de Estado que merecem", acrescentou.
"Não haverá paz na região, nem no mundo, sem uma solução justa para o conflito israelense-palestino, que inclua o fim da ocupação israelense", afirmou, fazendo uma advertência que tem se repetido nas últimas semanas.
É necessário "virar esta página sombria" porque "é vital", disse, antes de recordar que o conflito em Gaza é "a última e talvez a mais longa peça de um perigoso quebra-cabeça de guerra que se fecha rapidamente ao nosso redor".
Grandi mencionou outros conflitos, como na Ucrânia, no Sudão, no Sahel, na República Democrática do Congo e na Armênia. Também citou a América Central, onde "as crises não resolvidas são agravadas pelo crime, inclusive por gangues que causam deslocamentos".
Conflitos que fizeram com que haja mais de 114 milhões de refugiados e deslocados no mundo, lembrou.
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