Guterres manifestou-se "profundamente preocupado" com a "intensificação do conflito entre Israel e Hamas e outros grupos armados palestinos em Gaza", pois são os civis que estão pagando o preço, recordou durante uma viagem ao monte Everest, no Nepal.
"Isso inclui a expansão das operações terrestres das forças militares israelenses, acompanhadas de ataques aéreos intensos, assim como o lançamento contínuo de foguetes a partir de Gaza em direção a Israel", assegurou o chefe das Nações Unidas.
Da tribuna do Conselho de Segurança, do qual participou para falar da crise de refugiados no mundo, o alto comissário da ACNUR, Fillippo Grandi, pediu um "cessar-fogo humanitário" para que a ajuda humanitária possa entrar na Faixa de Gaza, bloqueada por Israel após os atentados executados pelo Hamas em 7 de outubro em território israelense.
"Um cessar-fogo humanitário pode pelo menos parar esta espiral de morte", disse antes de implorar aos 15 membros do Conselho que "superem suas divisões e exerçam sua autoridade fazendo este apelo ante sua incapacidade de aprovar nenhuma das quatro resoluções apresentadas em menos de duas semanas.
"As decisões que vocês tomam ou deixam de tomar marcarão todos nós, e as gerações futuras", advertiu.
"O desprezo pelas regras básicas da guerra - o direito humanitário internacional - está se tornando cada vez mais a norma e não a exceção", denunciou, ao se referir tanto aos "ataques" contra civis israelenses do Hamas quanto ao "massacre de civis palestinos e à destruição maciça de infraestruturas, causados pela atual operação militar israelense".
- "Sem solução justa não haverá paz" -
Aos 1.400 mortos do Hamas em Israel se somam os mais de 8.500 palestinos - 70% de crianças e mulheres - que perderam a vida na Faixa de Gaza na resposta militar israelense, segundo dados das autoridades locais.
"A prioridade é, naturalmente, permitir a entrada de mais mantimentos em Gaza para ajudar a população (...) antes que a crise humanitária se torne insustentável", disse.
Ao ser perguntado pela imprensa após o fim de sua intervenção no Conselho de Segurança sobre as razões pelas quais os palestinos não fogem para o Egito, Grandi disse: "Os palestinos não querem sair de Gaza. Querem que a ajuda chegue a Gaza e essa deveria ser a prioridade", destacou.
"Não haverá paz na região, nem no mundo, sem uma solução justa para o conflito israelense-palestino, que inclua o fim da ocupação israelense", afirmou, fazendo uma advertência que tem se repetido nas últimas semanas.
Tanto Guterres quanto Grandi consideram grandes os riscos de que o conflito se estenda para além das fronteiras de Gaza.
Grandi mencionou outros conflitos, como os da Ucrânia, do Sudão, do Sahel, da República Democrática do Congo e da Armênia, entre outros.
Também citou a América Central, onde "as crises não resolvidas são agravadas pelo crime, inclusive por gangues que causam deslocamentos".
Estes conflitos, lembrou, deixaram mais de 114 milhões de refugiados e deslocados no mundo.
E cada nova crise "parece empurrar as anteriores para um perigoso esquecimento. Mas permanecem conosco", advertiu.