Jornal Estado de Minas

Guerra

Israel bombardeia campo de refugiados em Gaza


 
As Forças de Defesa de Israel disseram ter atacado ontem o Batalhão Central de Jabalia, na região do campo de refugiados homônimo, considerado o maior da região – abrigava 116 mil pessoas antes do início do conflito atual, segundo dados da ONU. A ação teria matado ao menos 50 pessoas. Tel Aviv descreve todas como terroristas ligados ao Hamas. O Ministério da Saúde em Gaza, ligado à facção, por sua vez, afirma tratarem-se de mártires, maneira como se refere aos mortos deste conflito, sejam eles civis ou pessoas ligadas ao braço armado do grupo que controla a região.




 
De acordo com Tel Aviv, a ofensiva matou Ibrahim Biari, um comandante militar do Hamas considerado um dos responsáveis pelo ataque em 7 de outubro, que disparou a nova guerra no Oriente Médio entre Israel e o grupo terrorista palestino da Faixa de Gaza. Ele era procurado há anos por Israel, sendo considerado responsável por um ataque no porto de Ashdod que matou 13 pessoas em 2004, além de várias ações contra as Forças de Defesa.
 
Mais cedo, o diretor de um hospital de Jabalia havia dito à rede qatari Al Jazeera que um bombardeio havia deixado 50 mortos na região. O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, reiterou a cifra: “Mais de 50 mártires e cerca de 150 feridos e dezenas de pessoas sob os escombros devido a um massacre israelense atroz que atingiu uma grande área de casas no campo de Jabalia”.
 
Ao falar sobre o episódio o porta-voz de Tel Aviv Jonathan Conricus, em transmissão ao vivo, afirmou que há relatos ainda não confirmados de mortes civis. “Quero reforçar que tomamos todas as precauções para ter o mínimo de efeito colateral possível em civis; estamos em uma guerra, na qual fomos forçados a entrar pelo Hamas.” Segundo comunicado da Defesa, um complexo de túneis usados pelo Hamas na região colapsou em decorrência dos ataques. Não está claro se, sempre segundo a versão apresentada por Tel Aviv, o comandante estava dentro dele ou em algum outro prédio.




 
Em sua declaração diária, o principal porta-voz dos militares, Daniel Hagari, disse que o local atacado serviu como centro de treino para os ataques do início deste mês no sul israelense. A Defesa também divulgou uma imagem aérea com inscrições de quais áreas teriam sido atacadas. No material, afirma que infraestruturas críticas – como uma escola, uma estação de água, um centro médio e duas mesquitas – teriam ficado de foram da zona de bombardeio que, por sua vez, incluiria um centro de inteligência, um de lançamento de foguetes e outro de produção de armas.
 
Dois soldados israelenses morreram em operações de combate no norte de Gaza, anunciou o Exército de Israel, ontem em meio à guerra contra o movimento islamista Hamas no território palestino. “Dois soldados israelenses morreram em combate no norte de Gaza”, informaram as Forças Armadas em um comunicado.


Civis

Jabalia é um dos principais campos de refugiados do Oriente Médio e agora está na linha de frente da ação terrestre iniciada na sexta-feira, de forma gradual, por Israel. Tanques israelenses atuam na área, assim como no Sul da zona de exclusão para civis – que não impede Tel Aviv de bombardear outros pontos da faixa fora dela. Gaza conta com oito campos de refugiados, locais com construções precárias e densamente povoados paulatinamente formados a partir de 1948, ano que marca a chamada “nakba”, o deslocamento forçado de palestinos de seus lugares de origem em meio à primeira guerra árabe-israelense. Cerca de outros 50 campos semelhantes estão distribuídos pela Cisjordânia ocupada e por nações da vizinhança –a saber: Síria, Líbano e Jordânia.




 
Se confirmada, a morte de Biari é um golpe duro para a organização local do grupo na região. Israel tem anunciado quase diariamente o assassinato de terroristas de relevo do Hamas. A invasão de Gaza não ocorreu de forma maciça ainda, contudo, e há pressões diversas sobre o governo de Binyamin Netanyahu para que ele use de comedimento.


Reféns

Um dos fatores incertos é o futuro dos 240 reféns, segundo as IDF, ainda em mãos do Hamas – o grupo fala em 250, dos quais ao menos 50 teriam morrido, mas ninguém sabe exatamente o número certo. O que se sabe é que eles podem estar nos túneis do grupo, que somam alegados 500 km de rede sob Gaza, e isso sugere a necessidade de um trabalho de inteligência forte antes de ataques.
 
Feridos

O Egito vai receber, hoje, 81 feridos procedentes da Faixa de Gaza, bombardeada por Israel desde o ataque sangrento do grupo islamita Hamas em 7 de outubro, anunciaram fontes médicas e dos serviços de segurança. “A parte egípcia nos informou que 81 feridos que estão entre os casos mais graves sairão amanhã (hoje) para serem tratados em hospitais egípcios”, informou a autoridade responsável pelas fronteiras na Faixa de Gaza, governada pelo Hamas. No lado egípcio do posto fronteiriço de Rafah, única passagem para o território palestino que não é controlada por Israel, um representante médico da cidade de Al-Arish afirmou que “equipes médicas estarão presentes para examinar os casos procedentes de Gaza desde a sua chegada, e para determinar em que hospitais eles serão internados."