Nesta quarta-feira, está prevista uma nova troca de reféns detidos na Faixa de Gaza desde 7 de outubro por presos palestinos em Israel.
O Hamas afirmou que duas reféns russas foram libertadas nesta quarta-feira
A trégua entre Israel e Hamas entrou no sexto dia nesta quarta-feira e já permitiu a entrada maciça de ajuda humanitária ao assediado território palestino, devastado por sete semanas de bombardeios israelenses.
Após uma primeira prorrogação da trégua até quinta-feira às 05h00 GMT (02h no horário de Brasília), uma fonte próxima ao Hamas disse à AFP nesta quarta-feira que o movimento islamista concorda em prorrogá-la "mais quatro dias".
"O Hamas informou aos mediadores que deseja estender a trégua por outros quatro dias e que, durante este período, está em condições de libertar prisioneiros israelenses que tem em seu poder em conjunto com outros movimentos da resistência e outras partes, nos mesmos termos da atual trégua", afirmou a fonte.
Todos os dias, desde 24 de novembro, o Hamas tem libertado mulheres e crianças sequestradas durante o seu sangrento ataque a Israel em 7 de outubro. Em troca, Israel liberta três prisioneiros palestinos para cada refém, de uma lista de mulheres e menores de 19 anos.
O acordo da trégua, que também foi negociada com o apoio do Egito e dos Estados Unidos, permitiu a libertação de 60 reféns israelenses e 180 presos palestinos. Também foram libertados 21 reféns estrangeiros, a maioria tailandeses, à margem do acordo.
As autoridades israelenses calculam que 240 pessoas foram sequestradas e levadas para Gaza durante o ataque sem precedentes do Hamas em 7 de outubro, que deixou 1.200 mortos, a maioria civis - o número também inclui mais de 300 militares.
O Hamas declarou que mantém a maioria dos reféns e que os demais estão nas mãos de outros grupos armados palestinos.
Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e iniciou uma ofensiva contra a Faixa de Gaza, com bombardeios constantes e uma operação terrestre desde 27 de outubro, até a trégua.
As ações deixaram 14.854 mortos, incluindo 6.150 menores de idade, segundo o governo de Gaza controlado pelo movimento islamista.
Na Cisjordânia, um menino de oito anos e um adolescente de 15 morreram nas mãos do Exército israelense, segundo a Autoridade Palestina.
Um funcionário da Cruz Vermelha palestina disse à AFP que os dois menores se encontravam " em uma rua perpendicular à avenida principal do centro de Jenin", uma área que o Exército israelense teoricamente está proibido, por estar sob o controle da Autoridade Palestina.
O Exército israelense indicou que está investigando a denúncia feita pelo braço militar do Hamas sobre a morte em Gaza de um bebê de 10 meses, do seu irmão de 4 anos e da sua mãe que constam da lista de reféns capturados pelo movimento islamista.
- Dezesseis dias de confinamento solitário -
Ao relatar as condições de vida dos reféns em Gaza, a avó de Eitan Yahalomi, um menino de 12 anos liberado na segunda-feira, disse que o neto ficou isolado por 16 dias.
"Os dias em que ele ficou sozinho foram horríveis", disse Esther Yaeli ao site de notícias israelense Walla. "Agora, Eitan parece muito reservado".
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometeu na terça-feira "libertar todos os reféns" do Hamas, uma organização considerada terrorista por Estados Unidos, União Europeia e Israel.
Os mediadores seguem trabalhando discretamente para prorrogar ainda mais a trégua.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, visitará esta semana Israel e a Cisjordânia ocupada. Nesta quarta-feira, ele afirmou que a trégua "está permitindo liberar reféns e trabalhar na assistência humanitária daqueles que a necessitam desesperadamente".
"Nosso principal objetivo agora, e nossa esperança, é conseguir uma trégua duradoura que levará a novas negociações e, finalmente, ao fim da guerra", declarou o porta-voz da diplomacia do Catar, Majed al Ansari.
- "Risco de fome" -
A extensão da trégua permitiu a entrada de caminhões de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, cercada e bombardeada durante sete semanas pelo Exército israelense. Mas a situação continua sendo "catastrófica", afirmou o Programa Mundial de Alimentos (PMA), que alertou para o "risco de fome".
Segundo um funcionário da Casa Branca, a quantidade de ajuda humanitária que chega por estrada é de 2.000 caminhões de alimentos, combustível, medicamentos e equipamentos necessários ao funcionamento da infraestrutura de dessalinização da água do mar.
Segundo a ONU, mais de metade das casas do território foram danificadas ou destruídas pela guerra, que provocou o deslocamento de 1,7 milhão dos 2,4 milhões de habitantes da Faixa.
"Não temos água, comida ou farinha há 10 dias. A situação é muito difícil", afirmou Ashraf Selim, morador de Gaza, à AFP.
Nesta quarta-feira, na Cidade de Gaza, várias pessoas fizeram fila com galões perto de uma cisterna para pegar água potável.
"Chegamos até aqui a pé, de longe, 10, 20 ou 30 quilômetros de distância, simplesmente para conseguir água potável", contou Mohamed Matar, proprietário de uma instalação de dessalinização de água.