Depois de anos de crise esportiva e econômica, o fantasma do rebaixamento se materializou para o tradicional 'Peixe' no momento em que se completa um ano da morte do 'Rei do futebol'.
Embora tenha chegado na 15ª posição à última rodada do Brasileirão, com 43 pontos, o Santos perdeu em casa por 2 a 1 para o Fortaleza e caiu definitivamente para a 17ª colocação, a última que leva a disputar a Série B em 2024.
Os outros rebaixados foram Goiás (18º), Coritiba (19º) e América-MG (20º).
Seu ex-atacante Marinho, aos 39 minutos, abriu o placar para o Fortaleza, comandado pelo técnico argentino Juan Pablo Vojvoda.
O zagueiro Messias empatou (58') fazendo a torcida alvinegra respirar mas o atacante argentino Juan Martín Lucero enterrou as esperanças já nos acréscimos (90'+6).
Tampouco ajudou o fato de os outros dois times que começaram a 38ª rodada abaixo na tabela, Vasco e Bahia, terem vencido suas respectivas partidas contra Red Bull Bragantino e Atlético-MG.
O Vasco, comandado pelo técnico argentino Ramón Díaz, venceu por 2 a 1 em São Januário, no Rio de Janeiro, enquanto o Bahia, dirigido pelo ex-goleiro Rogério Ceni, goleou por 4 a 1 na Fonte Nova, em Salvador.
Agora São Paulo e Flamengo passam a ser os únicos times brasileiros que nunca caíram para a segunda divisão.
- Sem reação -
Octacampeão brasileiro, tricampeão da Copa Libertadores e bicampeão da extinta Copa Intercontinental, o Santos teve um início de ano difícil e que já dava margem a maus presságios.
O clube fundado na cidade portuária em 1912 foi eliminado na fase de grupos do Campeonato Paulista em março, nas oitavas de final da Copa do Brasil em maio e na fase de grupos da Copa Sul-Americana em junho.
Ao longo da temporada contou com quatro treinadores: os brasileiros Odair Hellmann, Paulo Turra e Marcelo Fernandes - no banco na hora da queda - e o uruguaio Diego Aguirre.
Depois de terminar o primeiro turno do Brasileirão na zona de rebaixamento, em agosto, o clube optou por reforços de nome para apoiar os 'Meninos da Vila', como são conhecidos os jovens que saem da categoria de base, que revelou Neymar.
Chegaram destaques como o capitão da Venezuela, Tomás Rincón, e o atacante colombiano Alfredo Morelos.
O venezuelano liderou o meio-campo, mas não conseguiu levar o time com uma das piores defesas do torneio (64 gols sofridos em 38 jogos) a um final feliz.
Além dos maus resultados, conviveram com uma forte pressão dos torcedores, alguns deles ameaçando membros do clube ou praticando atos violentos na Vila Belmiro.
- Triste celebração -
O rebaixamento tem outro aspecto doloroso: acontece poucos dias antes do primeiro aniversário da morte de Pelé, falecido em 29 de dezembro de 2022, aos 82 anos.
'O Rei' tornou os alvinegros mundialmente famosos e deu ao Santos seus melhores momentos: seis de seus oito títulos brasileiros (1961, 1962, 1963, 1964, 1965 e 1968), duas das três Libertadores e as duas taças Intercontinentais, em 1962 e 1963, além de diversos títulos estaduais.
O camisa 10 jogou praticamente toda a sua carreira no Peixe (1956-1974), exceto nos últimos anos, quando assinou com o New York Cosmos, dos Estados Unidos, onde se aposentou em 1977.
Várias décadas depois, embora com menos triunfos, Neymar assumiu a batuta daquele que muitos consideram o melhor jogador de futebol da história.
Esteve na conquista da Copa do Brasil-2010, a primeira do time, e encantou no título da terceira Libertadores, em 2011, e na Recopa Sul-Americana, em 2012. Mas não conseguiu conquistar o Brasileirão, que o clube almeja desde 2004.
Em 2013 partiu para o Barcelona e depois para o Paris Saint-Germain. Assim como Pelé costumava fazer, ele acompanha o clube e já disse que sonha em se aposentar defendendo a camisa do Santos.
"Santos sempre Santos", publicou ele em um 'story' em sua conta no Instagram minutos após o jogo. "Nós iremos voltar a sorrir", acrescentou 'Ney'.
Desde sua saída, o time venceu apenas dois Campeonatos Paulistas (2015 e 2016) e foi duas dezes vice-campeão brasileiro (2016 e 2019) e uma da Libertadores (2020).
SÃO PAULO