Durante uma grande coletiva de imprensa para fazer um balanço do ano, o presidente russo se mostrou convencido de que o tempo estará a seu favor na Ucrânia em 2024 e de que os reveses sofridos por seu Exército ficaram no passado.
Este evento foi anulado no ano passado, quando as tropas russas sofreram reveses e a economia se ressentiu pelas sanções das potências ocidentais.
Quase dois anos depois do início da ofensiva iniciada em fevereiro de 2022, Putin expressou, no entanto, sua satisfação com as operações lançadas pelo Exército russo desde o fim da fracassada contraofensiva dos ucranianos.
"Em quase todas as linhas de frente, nossas Forças Armadas melhoram suas posições. Quase todas estão em fase ativa", declarou.
Putin, de 71 anos e que foi eleito presidente da Rússia pela primeira vez em 2000, compareceu com um semblante relaxado. Na semana passada, anunciou sua intenção de se apresentar para um novo mandato em março de 2024, com o qual pode permanecer no Kremlin até pelo menos 2030.
- Firme em seus objetivos -
O presidente reafirmou que seus objetivos no país vizinho continuam os mesmos: "a desnazificação e a desmilitarização da Ucrânia e seu 'status' de neutralidade".
"Haverá paz, quando alcançarmos nossos objetivos", afirmou, insistindo em que a solução "será negociada, ou obtida com a força".
Também garantiu que não há planos para uma nova mobilização militar na Rússia, após a que foi feita no outono de 2022. "Atualmente não é necessário", considerou.
Pouco depois, indicou que 617.000 soldados se encontram hoje "na zona de hostilidade", mas não revelou as baixas desde o início da ofensiva em 24 de fevereiro de 2022. O governo americano estima que haja cerca de 315.000 soldados russos feridos, ou mortos.
Questionado sobre a resistência da economia às sanções, Putin disse que há uma "margem de segurança suficiente", graças à "forte consolidação da sociedade russa", à "estabilidade do sistema financeiro e econômico do país" e ao "aumento das capacidades militares" de Moscou.
Esta margem é "suficiente não apenas para sentir confiança, mas também para avançar", assegurou.
Ele disse que espera um crescimento do PIB de 3,5% este ano. "Isto significa que estamos em dia e demos um grande passo à frente", afirmou.
Moscou continua vendendo seus hidrocarbonetos, gerando receita suficiente para financiar o esforço bélico e centralizar a economia na produção de armas e munições.
- Pressão militar na Ucrânia -
No "front", a contraofensiva ucraniana lançada em junho fracassou, e as forças de Moscou retomaram a liderança, ganhando terreno nas últimas semanas.
Apenas na noite de quarta-feira, o Exército russo lançou 42 drones contra o sul da Ucrânia. Kiev afirmou que derrubou 41 deles, mas a magnitude do ataque ilustra a crescente pressão militar de Moscou.
O Exército ucraniano lançou nove drones contra a Rússia, que afirmou que todos foram derrubados.
Vladimir Putin comparou a situação na Ucrânia com a guerra entre Hamas e Israel.
"Vejam a operação militar especial e vejam o que está ocorrendo em Gaza e verão a diferença. Não há nada parecido na Ucrânia", assegurou.
"O que acontece [em Gaza] é uma catástrofe", afirmou.
Apesar das tentativas do Ocidente de isolá-lo, o presidente russo iniciou seu retorno ao cenário internacional com recentes viagens aos Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita, onde foi recebido com honrarias, apesar da ordem de prisão contra ele determinada pelo Tribunal Penal Internacional (TPI).
MOSCOU