Um medicamento barato e amplamente disponível chamado dexametasona pode ajudar a salvar a vida de pacientes com coronavírus em estado grave.
A droga está entre as testadas na mais ampla pesquisa do mundo sobre a eficácia de tratamentos contra o coronavírus.
O uso do medicamento de esteroides dexametasona em baixa dosagem é um grande avanço na luta contra o vírus mortal, segundo especialistas do Reino Unido.
A pesquisa verificou uma redução de um terço no risco de morte para pacientes respirando com a ajuda de respiradores. Para os que necessitavam oxigenação, as mortes caíram em um quinto.
Segundo o pesquisador Martin Landray, os resultados indicam que, estatisticamente, para cada oito pacientes tratados em respiradores, uma vida seria salva por causa da dexametasona. Para os pacientes tratados com oxigênio, o uso da droga seria capaz de salvar uma vida a cada 20 a 25.
"Há um benefício claro. O tratamento é de até 10 dias de dexametasona e custa cerca de 5 libras (equivalente a aproximadamente R$ 35) por paciente. Portanto, salvar uma vida basicamente custa 35 libras (R$ 350). E este é um medicamento disponível globalmente".
Se a droga tivesse sido usado para tratar pacientes no Reino Unido desde o início da pandemia, até 5 mil vidas poderiam ter sido salvas, dizem os pesquisadores.
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E também poderia ser benéfico em países mais pobres, com grande número de pacientes da covid-19.
Cerca de 19 dos 20 pacientes com coronavírus se recuperam sem serem admitidos no hospital. Dos que são internados no hospital, a maioria também se recupera, mas alguns podem precisar de oxigênio ou ventilação mecânica. Estes são os pacientes em alto risco, que a dexametasona parece ajudar.
O medicamento já é usado para reduzir a inflamação em várias outras doenças e parece que ajuda a interromper alguns dos danos que podem ocorrer quando o sistema imunológico do corpo entra em ação exageradamente ao tentar combater o coronavírus.
A reação exagerada do corpo é chamada de tempestade de citocinas e pode ser mortal.
Na pesquisa, liderada por uma equipe da Universidade de Oxford, cerca de 2 mil pacientes hospitalizados receberam dexametasona e foram comparados com mais de 4 mil que não receberam o medicamento.
Para pacientes em respiradores, reduziu o risco de morte de 40% para 28%. Para pacientes que precisam de oxigênio, reduziu o risco de morte de 25% para 20%.
O pesquisador Peter Horby disse: "Este é o único medicamento até agora que demonstrou reduzir a mortalidade - e a reduz significativamente. É um grande avanço".
"Há um benefício claro. O tratamento é de até 10 dias de dexametasona e custa cerca de 5 libras (equivalente a aproximadamente R$ 35) por paciente. Portanto, basicamente custa 35 libras para salvar uma vida (R$ 350). E este é um medicamento disponível globalmente".
Alerta: medicamento não deve ser tomado por pessoas em casa
O pesquisador Martin Landray disse que, quando apropriado, os pacientes hospitalares devem receber o tratamento sem demora, mas fez um alerta: as pessoas não devem sair para comprá-lo e tomar em casa.
A dexametasona não parece ajudar as pessoas com sintomas mais leves do coronavírus - aqueles que não precisam de ajuda com a respiração.
O repórter de saúde da BBC Fergus Walsh aponta que o medicamento é "antigo e barato" e que isso deve ser comemorado pois pode beneficiar rapidamente pacientes em todo o mundo. A dexametasona tem sido usada desde o início dos anos 1960 para tratar uma série de males, como artrite reumatoide e asma.
O medicamento é administrado por via intravenosa em terapia intensiva e em forma de comprimido para pacientes menos graves.
A pesquisa está em execução desde março. Incluiu o medicamento para a malária hidroxicloroquina, que foi posteriormente abandonado em meio a preocupações de que ele aumente as fatalidades e os problemas cardíacos.
Até agora, o único outro medicamento comprovadamente benéfico para pacientes com covid é o remdesivir, um tratamento antiviral usado para o ebola. Seu tratamento antiviral parece diminuir o tempo de recuperação de pessoas com coronavírus e, por isso, já está sendo disponibilizado no NHS, o serviço público de saúde britânico.
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