Em sua jornada habitual de milhares de quilômetros do norte da África, partículas de poeira do deserto do Saara já chegaram nesta semana ao sudeste do México e a vários países do Caribe.
Todos os anos, mais de 100 milhões de toneladas de poeira são levadas do deserto pelo vento, de acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA, e grande parte chega à Europa e à América.
Segundo Olga Mayol-Bracero, especialista do Instituto de Estudos de Ecossistemas Tropicais da Universidade de Porto Rico, a nuvem atual apresenta as maiores concentrações de partículas de poeira observadas na região no último meio século.- O que se sabe sobre a nuvem de gafanhotos que se aproxima do Brasil
- Por que terremoto no México de magnitude 7,5 causou menos estragos do que outros mais fracos
E, embora seja um fenômeno comum, que até tem efeitos benéficos em ecossistemas como o da Amazônia, este torna-se especialmente preocupante devido aos problemas respiratórios relacionados ao novo coronavírus.
Qual é o perigo?
Ao chegar ao território mexicano, o responsável pela estratégia do governo para combater a pandemia, Hugo López-Gatell, pediu na quarta-feira (24) à população do sudeste do país que tome medidas de precaução.
"As partículas têm um tamanho entre 2,5 e 10 mícrons, que são as partículas respiráveis. Então, elas podem entrar pelo nariz e pela boca e alojar-se na traqueia, nos brônquios ou até alvéolos dos pulmões", disse o epidemiologista.
As nuvens de poeira geralmente afetam pessoas que já têm doenças respiratórias crônicas, como asma, enfisema ou bronquite crônica, que fazem parte da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC).
E essas pessoas são mais vulneráveis %u200B%u200Ba complicações se pegarem o novo coronavírus.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) explica que o perigo desse fenômeno "reside no conteúdo de bactérias, vírus, esporos, ferro, mercúrio e pesticidas que a poeira carrega".
É que os ventos no deserto do norte da África não só levantam a areia, mas coletam poluentes quando passam por áreas desmatadas da região, principalmente de países subsaarianos.
"Essas tempestades, quando são capazes de se concentrar e alcançar áreas povoadas na Europa e na América, podem provocar o aparecimento de alergias e crises asmáticas em muitas pessoas", explica a OMS.
Pessoas com problemas respiratórios ou imunossupressão, que por sua vez são as mais vulneráveis %u200B%u200Bà covid-19, geralmente são as mais afetadas.
"Casos de 'gripe' persistente ou alergias sem causa aparente são frequentemente mencionados, o que pode ter sido causado pelo contato com partículas de origem biológica presentes nessas névoas", diz a OMS.
O que é recomendado fazer?
Idealmente, evite a exposição prolongada à poeira do Saara. Portanto, a recomendação é permanecer em ambientes fechados quando essas nuvens estiverem presentes.
O maior cuidado deve ser tomado por pessoas que têm problemas como DPOC, bem como por idosos, mulheres grávidas e crianças, diz a OMS.
Ele recomenda o uso de protetores faciais, como máscaras ou um lenço de pano úmido que cubra completamente o nariz e a boca.
"Se você sentir uma sensação de que há um corpo estranho nos olhos, lave-os com água em abundância. É preferível usar água potável, fervida ou clorada. Lave as mãos antes de iniciar o procedimento", acrescenta a OMS.
Também é importante cobrir as fontes de água (poços, contêineres ou lagoas) para evitar a contaminação. Umedeça o chão antes de varrer para evitar que a poeira seja lançada de volta no ar.
Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
Leia mais sobre a COVID-19
- Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil e suas diferenças
- Minas Gerais tem 10 vacinas em pesquisa nas universidades
- Entenda as regras de proteção contra as novas cepas
- Como funciona o 'passaporte de vacinação'?
- Os protocolos para a volta às aulas em BH
- Pandemia, epidemia e endemia. Entenda a diferença
- Quais os sintomas do coronavírus?