O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) teve suas novas datas anunciadas nesta quarta-feira (8) pelo Inep, órgão ligado ao Ministério da Educação, depois de ter sido adiado em meio à pandemia de coronavírus.
A prova impressa será realizada em 17 e 24 de janeiro de 2021. A prova digital ficou para 31 de janeiro e 7 de fevereiro.
A decisão contraria o resultado da enquete conduzida pelo órgão, na qual a maioria dos estudantes, consultados online, pediu que a prova fosse realizada apenas em maio de 2021. Mas representantes do MEC avaliaram que isso poderia atrasar o calendário das instituições de ensino superior.
O adiamento da prova, anunciado em maio passado, ocorreu sob pressão de especialistas em educação, parlamentares e estudantes. Até então, o à época ministro da Educação, Abraham Weintraub, resistia à ideia de mudar a data do exame, previsto inicialmente para ser realizado em 1º e 8 de novembro, na versão impressa, e 22 e 29 de novembro, na versão digital.
As aplicações do exame serão realizadas em:
— Inep (@inep_oficial) July 8, 2020
Enem impresso – 17 e 24 de janeiro de 2021
Enem Digital – 31 de janeiro e 7 fevereiro de 2021
O anúncio do adiamento ocorreu um dia depois de o Senado ter aprovado um projeto de lei prorrogando processos seletivos pré-universitários, incluindo vestibulares e o Enem.
Para diversos especialistas em educação, no atual cenário da pandemia do novo coronavírus, em que jovens estão cursando o ensino médio em condições particularmente desiguais, havia o risco de que a manutenção da data do Enem elevasse as desigualdades de acesso ao ensino superior no Brasil.
"As condições de estudos dos alunos estão muito diferentes", argumentou Lucas Fernandes, gerente de estratégias políticas da organização Todos Pela Educação, em entrevista à BBC News Brasil em 11 de maio, data em que foram abertas as inscrições do Enem.
"Temos redes (estaduais e municipais) que conseguem oferecer ensino remoto e até oferecer pacotes de dados de internet para os alunos. E temos redes que ainda estão planejando o que fazer. Do ponto de vista dos alunos, as diferenças no acesso a computadores e a internet são as mais evidentes. Mas há também diferenças em literacia digital: pessoas mais vulneráveis podem ter acesso a celulares, mas não fazem uso frequente (para estudar) no dia a dia. As evidências mostram que, na hora das avaliações, esses estudantes menos letrados têm performance pior."
Ainda não está claro, porém, se o adiamento da prova até janeiro dará tempo suficiente para os jovens cursando o último ano do ensino médio recuperarem conteúdos que possam ter deixado de aprender em meio à pandemia e se prepararem devidamente para o exame.
Adiamentos ao redor do mundo
Com o adiamento, o Brasil deixou de ser parte de um grupo minoritário de países que havia decidido manter o calendário de seus exames estudantis.
Um levantamento da Unesco (braço da ONU para a educação) de 11 de abril apontava que, na época, cerca de 20 países haviam decidido manter todos ou parte de seus exames.
Mas cerca de 80 países já haviam cancelado, adiado ou remarcado suas avaliações estudantis, entre eles EUA, Reino Unido, China, Irlanda, Espanha, Coreia, França e Noruega.
E é importante destacar que alguns países apareciam mais de uma vez na listagem, por terem mais de um exame sendo levado em consideração pela Unesco ou por adotarem múltiplas estratégias simultaneamente nos âmbitos regionais.
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