Jornal Estado de Minas

CORONAVÍRUS

100 mil mortos por COVID-19: e se todas as vítimas estivessem no mesmo lugar?

O Brasil ultrapassou a marca de 100 mil mortos por COVID-19, pouco menos de cinco meses depois da primeira morte registrada pelo Sars-Cov-2 no país.



O país continua em segundo lugar no mundo em número de casos e de mortes pela doença no mundo, atrás dos Estados Unidos em ambos os quesitos.

Desde a primeira morte ser confirmada, em 12 de março, o número de óbitos cresce mês a mês, ao contrário do que se viu em países como Itália e Espanha.

Segundo especialistas, também é preocupante o fato de que, desde o dia 19 de maio, quando o país registrou pela primeira vez mais de mil mortes em um só dia devido ao vírus, a média diária de mortes não baixou.

Isso significa que a curva brasileira de óbitos por COVID-19 atingiu um platô alto, e é hoje muito diferente do que ocorre em outras nações que enfrentam a pandemia.

As mortes atuais por COVID-19 representam pouco menos de 0,05% da população do Brasil. E se espalham pelo país, apesar de serem mais concentradas nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Pernambuco e Pará.



Mas a perda real que o Brasil contabiliza é impossível de medir. São mais de 100 mil vidas humanas: pais, mães, filhos, filhas, maridos, mulheres, avós, avós, irmãos e irmãs.

Para alguns, a grandeza do Brasil e o tamanho de sua população podem tornar difícil compreender o tamanho da tragédia.

Mas e se estas 100 mil pessoas estivessem em uma só cidade?

A BBC News Brasil calculou a área equivalente à que seria necessária para sepultar estes corpos em quatro capitais brasileiras.

São Paulo

São Paulo foi a cidade onde ocorreu a primeira morte registrada por covid-19 no país, uma mulher de 57 anos, em um hospital da Zona Leste. A capital continua sendo a cidade com o maior número absoluto de óbitos.



O sepultamento de 100 mil vítimas ocuparia o equivalente a quase quatro vezes a área da Avenida Paulista, um dos locais mais emblemáticos da cidade.


(foto: BBC)

Rio de Janeiro

Já na capital carioca, seria necessário quase o dobro da área total da praia de Ipanema para sepultar todos os mortos brasileiros pelo vírus até o momento.


(foto: BBC)

A covid-19 chegou primeiro nos bairros mais ricos do Rio, mas, até o dia 13 de junho, oito em cada dez mortes haviam ocorrido nos bairros mais pobres da cidade, segundo um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Fortaleza

O Ceará é o terceiro Estado brasileiro com o maior número de mortes. No final do mês de abril, a Prefeitura já anunciava a necessidade de aumentar o número de vagas em cemitérios por causa da pandemia.



O sepultamento dos atuais mortos por COVID-19 ocuparia uma área equivalente a 2,3 vezes o Aterro da Praia de Iracema, um dos principais pontos turísticos da capital cearense.


(foto: BBC)

Manaus

Na capital do Amazonas, as imagens do colapso do sistema funerário no início da pandemia no Brasil foram destaque em todo o mundo. Alguns cemitérios tiveram que derrubar trechos de mata para abrir novas sepulturas.

Caso fossem sepultados no centro histórico da capital, as vítimas brasileiras ocupariam 21 vezes a área do Largo de São Sebastião, uma das maiores praças da cidade, onde fica o Teatro Amazonas.


(foto: BBC)

Como fizemos o cálculo?

A área total foi calculada considerando o tamanho padrão de uma sepultura para adulto nas quatro capitais — 2,20 m de comprimento por 0,80 cm de largura — contando com uma distância mínima entre elas de 0,50 m de cada lado, uma exigência na maioria das capitais brasileiras.

Considerando estes valores, cada sepultura teria uma área de 3,51 m². Portanto, a área necessária para sepultar 100 mil pessoas seria de 351 mil m².

A escolha dos locais foi feita considerando áreas planas e calculando seus polígonos utilizando o Google Earth Pro. Portanto, é possível que os valores reais sejam um pouco diferentes em relação aos apresentados aqui, de acordo com o terreno.





(foto: BBC)

(foto: BBC)

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